Carluxo acusa Doria por “aglomeração”

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Foto: AFP/Arquivo Blasting News

Quem acompanha o Twitter do vereador Carlos Bolsonaro, sempre uma fonte inesgotável de conhecimento, pode ter percebido que ele usa uma expressão como mantra: “prudência e sofisticação”.

 

Ato contínuo, a legião que o segue faz o mesmo. Deputados, jornalistas, comentaristas e toda sorte de influenciadores digitais da direita repetem o termo. Alguns até colocam como sua identidade no Twitter.

Na atual crise do coronavírus, vem sendo empregada com furor.

Mas que raio é essa expressão, e de onde veio? Com que propósito vem sendo utilizada pelo bolsonarismo?

Como tudo que envolve o trabalho do filho do presidente nas redes sociais, há uma razão por trás. É uma maneira de escrachar liberais e a direita que se afastou de Bolsonaro desde o início de seu mandato.

Alvos preferenciais são o governador de São Paulo, João Doria, e lideranças do Partido Novo e do MBL (Movimento Brasil Livre), entre outros.

 

O termo é criação de um canal de YouTube chamado Brasileirinhos (não confundir com Brasileirinhas!!).

Com 133 mil inscritos, nem é tão grande assim, mas faz muito sucesso entre os apoiadores do presidente.

É um canal satírico, ou, em suas próprias palavras, “um canal de sátira bem-humorada e humor engraçado para rir”.

A principal característica do Brasileirinhos é o uso da estética “vaporwave”, que foi adotada pelos conservadores. É cheia de referências aos anos 80 e 90, nas cores, vídeos, música e tipologia, que muitas vezes lembra a de antigos videogames da época.

São dois atores, vestidos de palhaço ou usando máscaras, que protagonizam os esquetes. Os vídeos têm uma linguagem nonsense, mas com indisfarçável conteúdo pró-Bolsonaro.

Num desses vídeos, de 5 de janeiro deste ano, surgiu a expressão “prudência e sofisticação”, para ironizar liberais.

Ele pode ser visto aqui:

 

Parece ser uma propaganda de ternos do bloco soviético que foi reciclada pelo canal.

Homens vestidos de executivos dos anos 80 exibem seus modelitos em frente a uma parede alaranjada. “Liberais. Prudência e sofisticação”, começa o vídeo.

“Eles são cautelosos em suas posições. Eles dão as costas aos fanatismos. Curtem uma mão invisível. Polarização? Não!”, diz um locutor, enquanto os sujeitos mostram os ternos, com uma trilha incidental que lembra a de programas como Amaury Jr..

O vídeo termina com uma frase que virou um meme bolsonarista. “Liberalismo. Cê curte?”.

A identidade dos donos do canal também é obscura, o que contribui para seu apelo. Membro da CPI das Fake News, o deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) pediu ao Twitter que revele quem são os responsáveis pela conta do canal na rede social. Até agora, no entanto, os pedidos foram negados.

O que está claro é que a onda do “prudência e sofisticação” é sintoma de um movimento maior. A grande maioria dos liberais que apoiaram Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial está hoje praticamente na oposição ao presidente.

Alguns, no máximo, mantêm apoio a partes da pauta econômica do ministro Paulo Guedes ou a pontos defendidos pelo titular da Justiça, Sergio Moro.

Assim, zoar liberais virou parte da rotina dos defensores de Bolsonaro, mais até do que criticar a esquerda, em alguns momentos.

Folha