Datafolha sinaliza “Zé Ninguém” na Presidência

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Foto: PR

Quando se trata de Jair Bolsonaro, nunca é difícil tomar a pior decisão possível —e a autoridade do presidente já evapora antes mesmo de as coisas ficarem realmente feias para o Brasil na epidemia que se alastra.

Caminhamos para ter um zé-ninguém descontrolado e inútil no comando do país, só atrapalhando as pessoas racionais justamente na hora mais difícil de nossa geração.

Mesmo que mude de rumo, o que é improvável, seu confronto aberto com a ciência, a mídia que informa e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vai transformando Bolsonaro em um pária, alvo de panelaços cada vez mais ferozes e do desprezo de quem ainda procura atravessar a atual crise com alguma altivez e solidariedade.

Não foi só a avaliação negativa do desempenho de Bolsonaro na epidemia que subiu de 33% para 39% entre meados de março e agora. O desempenho positivo do Ministério da Saúde saltou de 55% para 76%, fortalecendo justamente a figura com quem o encrenqueiro do Planalto comprou briga na véspera

O presidente não poderia ter escolhido um alvo pior e o momento mais inadequado para fazer isso. De certa forma, é um alívio, pois encurtará o processo de deterioração de sua figura, que poderia custar mais se corresse em um tempo mais lento.

Como mostra o Datafolha, o antagonismo entre a figura de Bolsonaro e Mandetta tornou-se tamanho que até erros imperdoáveis da Saúde ficaram secundários na avaliação da população —como o fato de o ministério ter esperado que a transmissão do coronavírus se tornasse comunitária para anunciar a compra e a massificação de testes.

Com sua insistência mal elaborada em querer as pessoas de volta às ruas de qualquer jeito, o presidente também interditou um debate que poderia ser racional sobre a suspensão das medidas horizontais de isolamento indiscriminado em todo o país.

Na área médica, crescem as preocupações a respeito do isolamento geral sobre a nutrição e a saúde da população mais pobre. Entre economistas, sobre os impactos nas linhas de produção de alimentos e de outros itens básicos, assim como na inflação e no futuro do emprego.

Mesmo podendo ter um ponto aqui, a limitação intelectual e os modos do presidente não permitem que se avance em discussões que poderiam ser convenientes.

Não há vácuo no poder e Bolsonaro vai abrindo mão do seu. Com o colapso na saúde e a recessão que vêm ai, isso pode estar garantido. ​

Folha