Doria compara PT a Bolsonaro

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Sergio Andrade / Divulgação

O governador de São Paulo, João Doria, comparou nesta segunda-feira o governo do presidente Jair Bolsonaro às gestões do PT e defendeu ser crime interferências políticas no trabalho da Polícia Federal. O tucano voltou a criticar o presidente em uma entrevista coletiva à imprensa concedida nesta tarde na sede do governo paulista.

– O Brasil rejeitou a república dos companheiros.O mesmo Brasil rejeita a república dos amigos. Não devemos ser condescendentes nem com os companheiros nem com os amigos nessas circunstâncias. Entendo que o presidente da República deve interagir com o povo e não com o chefe da Polícia Federal. Interferir é crime – afirmou Doria, espontaneamente, em seu pronunciamento antes de começar a responder perguntas de jornalistas.

Bolsonaro passou o fim de semana discutindo a escolha dos substitutos do ex-ministro Sergio Moro para o Ministério da Justiça e Segurança Pública e do ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O mais cotado para assumir a corporação é o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro. Para o ministério, o mais indicado é o atual ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira.

– A Polícia Federal deve ser respeitada. A Polícia Federal é nacional. A Polícia Federal do Brasil não é pessoal nem familiar – afirmou Doria.

O discurso feito pelo governador nesta tarde atende, de uma só vez, a dois interesses do tucano. O primeiro é manter o embate político com Bolsonaro. O segundo é retomar o distanciamento com o PT, voltando a se colocar como uma liderança antipetista.

No início deste mês, no auge do enfrentamento com Bolsonaro até agora nesta pandemia, Doria e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alinharam seus discursos nas redes sociais contra o presidente. O gesto alimentou reação de aliados de Bolsonaro na internet que viram no episódio uma chance de aproximar o governador à imagem de Lula.

Subsidiados por pesquisas internas, aliados de Doria dizem que a pandemia do novo coronavírus ajudou a projetar o tucano no debate político nacional. Em resumo, eles afirmam que a pandemia abriu uma perspectiva para o tucano “corroer” a polarização entre bolsonarismo e petismo, sem precisar entrar no debate eleitoral explícito.

Esses auxiliares argumentam que a identificação de Doria como um antagonista a Bolsonaro cresceu por parte da população, de acordo com as sondagens internas. Esse posto era antes praticamente um monopólio do PT em nível nacional. Os aliados mais otimistas do governador acreditam que o tucano possa mudar de patamar nas próximas pesquisas eleitorais depois da exposição midiática durante a pandemia. Nas últimas pesquisas Doria registrou entre 3% e 5% das intenções de voto.

Depois de um mês de pandemia, o governador suspendeu suas entrevistas diárias à imprensa. A partir desta semana, as entrevistas coletivas acontecerão a cada dois dias.

O estado tem 20.715 casos confirmados oficialmente e 1.700 mortes por Covid-19.

O Globo