Doria volta a ameaçar com prisão quem furar quarentena

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Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

A redução dos índices de isolamento social no estado de São Paulo nos últimos dias levaram o governador João Doria (PSDB) a subir o tom do discurso em favor da prevenção contra a pandemina do novo coronavírus e citar a chance de recorrer a medidas mais duras, como prisão e multa, se a população não respeitar as regras de quarentena nos próximos dias. No entanto, de acordo com auxiliares do governador e infectologistas que vêm assessorando o político na crise de saúde, neste momento o governador ainda não cogita recorrer a medidas como o bloqueio total (lockdown, em inglês), considerada ainda mais restritiva que o isolamento social.

Em São Paulo, cidade que neste domingo registrou o total de 352 mortes por covid-19, a hipótese de lockdown também não está colocada, pelo menos por agora, de acordo com auxiliares do prefeito Bruno Covas (PSDB). Ainda assim, a situação da cidade é considerada preocupante pelas autoridades sanitárias. Em apenas 10 dias, pacientes ocuparam 45% da estrutura preparada para atendimento exclusivo à covid-19.

Nesta segunda-feira o prefeito deve anunciar o fechamento de ruas marcadas pelo intenso comércio formal e informal, a exemplo do que já ocorreu no Brás, na região central, marcado pela presença de lojas e ambulantes. Também deve ser anunciado o isolamento de boa parte das praças da cidade, onde têm sido registradas aglomerações de pessoas, o que coloca em risco os efeitos da quarentena imposta no estado.

O novo coronavírus apresenta em São Paulo os números mais expressivos até o momento. Neste domingo o governo estadual informou ter constatado que a doença já está presente em um entre cada quatro municípios do estado. São pelo menos 162 cidades com registros oficiais da doença, 63 delas com registros de óbitos. Depois de São Paulo, os maiores índices de morte estão na região metropolitana: Guarulhos (16), São Bernardo do Campo (10), Osasco (9), Taboão da Serra (5) e Cotia (4).

O avanço da doença preocupa autoridades, que reforçam a necessidade de cumprimento de uma meta de manter 70% da população em isolamento social, medida que não vem sendo alcançada nos últimos dias, de acordo com acompanhamento da movimentação de proprietários de aparelhos telefônicos. No sábado, por exemplo, o índice de respeito ao isolamento no estado ficou em 55%.

Atualmente São Paulo está sob regime de isolamento social, com o intuito de diminuir a interação entre as pessoas e diminuir a velocidade de transmissão do vírus. A medida é aplicada especialmente em locais onde existe transmissão comunitária, como é o caso do Brasil, quando a ligação entre os casos já não pode ser rastreada e o isolamento das pessoas expostas é insuficiente para frear a transmissão.

Quando o isolamento social é considerado insuficiente, e a capacidade hospitalar acaba, o passo seguinte é o bloqueio total, intervenção que busca restringir a interação entre as pessoas e interromper qualquer atividade por um determinado período de tempo, com exceção de saídas para atividades básicas como comprar mantimentos ou remédios.

Em sua vigência ninguém tem permissão para entrar ou sair do perímetro isolado. Esta foi uma das medidas adotadas na cidade de Wuhan, China, foco inicial da epidemia.

O Globo