Família de Bolsonaro fecha negócios e se isola

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Foto: Reprodução

“Não venham para Eldorado! Nossos pontos turísticos estão fechados!”, informa um anúncio em letras garrafais no site da prefeitura do município paulista em que vivem alguns familiares do presidente Jair Bolsonaro, e onde ele morou até ingressar no Exército, em 1973. Localizada no Vale do Ribeira, Eldorado tem apenas 15 mil habitantes, mas é a quarta maior cidade em extensão territorial no estado. Destino de turistas que buscam belezas naturais e aventura, a prefeitura vem seguindo à risca as recomendações de distanciamento social do governo estadual;

A população, em sua maioria, fica em casa. Desde que os casos começaram a aparecer no estado de São Paulo, foi criada também uma central de comunicação. Um mês depois, a cidade registrou quatro casos suspeitos, mas nenhum dos pacientes evoluiu para um estado grave. A Prefeitura também está operando com expediente reduzido, até as 13 horas. “Estamos cumprindo rigorosamente o que dita a quarentena instaurada pelo gorvenador, contenção dos comércios não-essenciais, todas as ações prescritas pelo Ministério e pela Secretaria e cumprir o prazo de quarentena”, afirma o vice-prefeito da cidade, Dinoel Rocha.

Muitos parentes do presidente ainda moram na região do Vale do Ribeira. Renato Bolsonaro, irmão, vive em Miracatu, cidade vizinha. A mãe de Bolsonaro, Olinda, que fará 93 anos no próximo dia 28, mora em Eldorado, assim como outro irmão do presidente, Angelo Guido, dono de uma casa lotérica e uma loja de eletrônicos e assistência técnica. Os estabelecimentos da família Bolsonaro estão fechados e toda a família tem cumprido a quarentena, segundo relatos de Rocha.

A Prefeitura calcula que mais de 700 pessoas na cidade estejam em um grupo de maior risco para a doença. Além deles, também se preocupa com as 14 comunidades quilombola que existem na região e ficam em áreas afastadas, com menor acesso à rede pública de saúde. O mesmo cuidado é tomado nas entradas da cidade, onde foi montado uma barreira de “conscientização”. A ideia é controlar quem entra e quem sai do município.

A cidade também cobra os resultados dos exames já realizados nos casos suspeitos, apesar da evolução clínica dos doentes ter sido boa. “Está tudo sob controle, quatro casos suspeitos e os exames foram enviados para análise mas nenhum deles voltou até agora, está bem demorado. Aquele prazo de cinco dias que foi divulgado está extrapolando, não está recebendo os resultados”, afirma o vice-prefeito Dinoel.

Apesar de ter passado a infância e a adolescência na cidade, Bolsonaro teve um desempenho eleitoral abaixo da média no local: recebeu 54,4% dos votos válidos, menos do que obteve nacionalmente (55,13%). Em todo o estado de São Paulo, o presidente teve 67% dos votos válidos. Questionado sobre a polêmica em relação ao coronavírus, o vice-prefeito da cidade cobrou apenas a unificação do discurso, mas disse que a cidade irá cumprir quaisquer medidas que sejam recomendadas pelas autoridades estaduais e municipais. Além disso, segundo Dinoel, como Eldorado faz parte do consórcio de cidades do Vale do Ribeira, eles nem sequer poderiam adotar uma política diferente dos outros municípios da região.

“É meio confuso essa situação. Ele tem um ministro que destoa da fala dele, tem que ter um pouco mais de integração. Vai em rede nacional sem a presença do ministro. Nós estamos aqui para, primeiro, levar o conceito daquilo que é estabelecido no estado e na União. Mas, independentemente disso, também é nossa responsabilidade cuidar da saúde da população”, afirma Dinoel.

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