FMI diz que economia do Brasil recuará 5%

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Foto: Getty Images

O choque provocado pela pandemia do coronavírus fará a economia brasileira encolher 5,3% neste ano, estima o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em janeiro, o FMI projetava um crescimento para o Brasil de 2,2% em 2020. Para o ano que vem, a instituição prevê expansão de 2,9%, acima dos 2,3% previstos no começo deste ano.

A estimativa do Fundo está em linha com a projeção do Banco Mundial, de retração do PIB brasileiro de 5% em 2020, anunciada no domingo. São números mais negativos do que o consenso de mercado que aparece no Boletim Focus, do Banco Central (BC), de uma retração da economia de 1,96%, embora haja quem espere um recuo de 5%, como o ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall, diretor do ASA Bank.

As projeções fazem parte do Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira. O relatório não entra em detalhes sobre as perspectivas para a economia brasileira em 2020. Ao tratar da situação de economias emergentes, o FMI diz que todos os países enfrentam uma crise de saúde, um grave choque de demanda externa, um aperto dramático das condições financeiras globais e um tombo dos preços de commodities, o que terá um impacto expressivo sobre exportadores de produtos básicos.

A queda de 5% do PIB brasileiro é próxima à prevista pelo FMI para a Rússia (-5,5%) e para África do Sul (-5,8%), sendo menor que o recuo de 6,6% esperado para a economia mexicana. Já a China deve ter forte desaceleração em relação ao crescimento de 6,1% de 2019, mas ainda assim encerrar 2020 com uma variação positiva, de 1,2%. Para a Índia, a aposta é de alta de 1,9%.

O FMI espera uma queda de 5,9% do PIB per capita brasileiro em 2020, em termos de paridade do poder de compra (PPP, na sigla em inglês). O critério busca eliminar as diferenças de custo de vida, facilitando a comparação entre os países. É um tombo bem mais forte que os 4,4% do PIB per capita registrado pelo Brasil em 2015. Para 2021, a projeção é de uma alta de 2,2% do indicador.

O relatório mostra que o FMI trabalha com uma alta expressiva do desemprego brasileiro neste ano. Depois de ter ficado em 11,9% em 2019, a taxa de desocupação deve subir para 14,7% em 2020, estima o Fundo. É um número bastante elevado, superior aos 12,7% observados na média de 2017, até o momento nível mais alto atingido pelo indicador na média do ano, com série iniciada em 2012. Em 2021, a taxa cairá para 13,5%, segundo o FMI.

O Fundo projeta ainda que o déficit em conta corrente do Brasil será de 1,8% do PIB em 2020, um rombo menor que os 2,7% do PIB registrados em 2019 pelo país nas transações de bens, serviços e rendas com o exterior. Com a recessão, o buraco nas contas externas deve diminuir, devendo voltar a aumentar em 2021, para 2,3% do PIB.

Além disso, o relatório também estima a inflação média do Brasil em 2020 e 2021, apostando em 3,6% e 3,3%, abaixo dos 3,7% do ano passado. As estimativas para o índice de preços ao consumidor acumulado no ano, que teve variação de 4,31% em 2019, não constam do documento. A informação consta do apêndice estatístico do documento, ainda não divulgado na íntegra.

Por causa da pandemia do coronavírus, a tradicional reunião de primavera do FMI e do Banco Mundial realizada em Washington foi cancelada. Todas as entrevistas coletivas serão feitas on-line.

Valor Econômico