Indústrias de tecidos e plásticos passam a produzir máscaras

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Foto: Reprodução

Por causa da pandemia do novo coronavírus, indústrias de tecidos e de plásticos já estão convertendo linhas produtivas para a fabricação de máscaras e aventais, itens tidos equipamentos de proteção individual e essenciais no combate a disseminação da doença. Enquanto em algumas empresas, os produtos são destinados a doações aos funcionários, a profissionais de saúde e a população no geral, em outras eles têm gerado receita e garantido empregos.

É o caso da indústria de vestuário infantil TipTop, que tem, desde a metade de março, as 200 costureiras das duas fábricas 100% dedicadas à fabricação de máscaras.

Segundo David Bobrow, presidente da marca, as 70 mil peças de pano produzidas por dia são vendidas a empresas envolvidas em ações de filantropia ou negócios com uso intensivo de mão de obra e abertos em meio à pandemia, como supermercados e postos de gasolina.

Como a crise derrubou a demanda por roupas de bebê, carro-chefe da companhia, a venda de máscaras de pano garantiu alguma receita em meio à crise. “Hoje, 50% das vendas são de máscaras”, diz.

Já Marcelo Feldman, sócio da fabricante Petstil, conta que a empresa tem utilizado o estoque de tecidos como TNT, material ultra-resistente a micro-organismos que circulam no ar, antes destinados a adereços de roupas infantis, para a produção de máscaras e aventais cirúrgicos para doação. A produção conta com a ajuda técnica do hospital Albert Einstein.

Na TNG, há duas semanas, uma fábrica própria da varejista em Blumenau, Santa Catarina, trocou a produção de camisetas pela de máscaras de tecido. A produção mensal, de 20 mil unidades, por ora está sendo doada a funcionários da empresa. “A ideia é que atendentes e outros funcionários trabalhem de máscara no retorno da quarentena”, explica Tito Bessa Júnior, presidente da empresa.

Nas contas de Fernando Pimentel, presidente da Associação do Setor Têxtil ( Abit), pelo menos 50 grandes empresas têxteis de grande porte estão convertendo as linhas de produção para fabricar máscaras de pano, de uso para a população geral.

Se as indústrias brasileiras usarem todo o tecido a disposição hoje no mercado brasileiro para produzir máscaras, daria para fabricar 140 bilhões de unidades por ano, nas contas de Pimentel. “Não há risco de faltar máscara de pano”, afirma.

Já José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Plástico (Abiplast), diz a indústria brasileira já produziu mais de três milhões de máscaras cirúrgicas nos últimos 12 meses, um volume dez vezes acima do normal pré-crise.

Desde o início da epidemia, o número de indústrias de itens dedicados ao setor de saúde, como máscaras e luvas, praticamente triplicou: hoje são 250 e podem aumentar ainda mais.

Para isso, o país precisa superar dois gargalos. O primeiro é a falta de máquinas para manufatura de alças e dobras das máscaras. Importadas da China, a demanda para elas está grande no mercado internacional. O segundo é a alta carga tributária sobre a importação de matérias-primas para a cadeia do plástico, hoje basicamente dependentes de dois fornecedores nacionais de grande porte: Unipar e Braskem.

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