Militares de fora do governo contiveram Bolsonaro

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Generais da reserva atuaram durante todo o domingo para contornar o clima de tensão entre os Poderes, após o presidente Jair Bolsonaroparticipar de uma manifestação em frente ao Quartel General do Exército contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com relatos, a atuação de ao menos três nomes teria sido fundamental para apaziguar os ânimos: os generais Villas Boas, ex-comandante do Exército; Sérgio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Michel Temer; e Alberto Mendes Cardoso, ministro da Casa Militar do governo Fernando Henrique.

Os generais fizeram chegar aos militares do governo que não ficaram confortáveis com o fato de o protesto ter acontecido em frente ao QG do Exército, lembrando que as Forças Armadas são instituições que servem ao Estado, não a governos.

Dois generais do alto escalão disseram à colunista Míriam Leitão que as Forças Armadas não entram em “aventura”. De acordo com um deles, “não existe solução política fora da Constituição Federal, simples assim”. Para este general, o “estado democrático de direito é o pilar para a minha geração” e que não há a mínima possibilidade de aventuras golpistas.

A presença de Bolsonaro no ato tem como pano de fundo a convicção do presidente e de seus auxiliares mais próximos de que o Congresso tem atuado para inviabilizar o governo financeiramente. A avaliação é a de que medidas com esse objetivo, que já estavam sendo tomadas antes da crise do novo coronavírus, foram intensificadas com a chegada da pandemia ao país.

Na avaliação de Bolsonaro, há um movimento para minar o poder econômico do Executivo e inflar os caixas dos Estados com vistas à disputa presidencial de 2022. Para o presidente e ministros do alto escalão do governo, o Legislativo tem rompido o diálogo com o Palácio do Planalto para privilegiar o que tem sido chamado de “política dos governadores”.

O Globo