Mourão cita “recuo” no neoliberalismo do governo

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Foto: Romério Cunha /VPR

O vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta terça-feira que houve um “recuo” temporário na política econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes, por conta da pandemia de covid-19. E defendeu investimentos em infraestrutura como forma de levar a uma recuperação da economia. Ele citou “vários países no mundo todo adotaram políticas keynesianas”, em live promovida pelo Itaú.

“É óbvio que o recuo desse ano de 2020 vai levar que a gente só atinja um equilíbrio lá para o ano de 2023, 2024. Essa é a minha avaliação.”

Mourão previu uma “recuperação não-linear” para a economia brasileira, com setores mais preparados, “que entraram na era do conhecimento”, se levantando de uma maneira mais rápida.

“É momento de mudar nossa forma de encarar o sistema produtivo no Brasil. O agronegócio está trabalhando normalmente, seus gargalos estão no setor de infraestrutura”, disse Mourão. “Poderá ser necessário um pequeno empurrão, e eu sei das limitações do governo, para que a gente gere uma capacidade maior. É um setor que emprega mais, e as pessoas que trabalharem nesse setor terão sua renda.”

Mourão afirmou ainda que o teto de gastos, âncora fiscal da política de Paulo Guedes, está ameaçado por conta da alta dos gastos fixos do governo. E que o Congresso terá que retornar ao tema das reformas em um futuro próximo. “Temos que fazer todo o esforço possível para que elas avancem”, afirmou.

O vice-presidente disse também que o presidente Jair Bolsonaro “já entendeu” que é preciso haver uma mudança na relação com o Parlamento e defendeu as conversas que ele vem mantendo com líderes do Centrão nas últimas semanas.

“O nosso governo, num primeiro momento, buscou por meio das bancadas temáticas constituir maiorias provisórias no Congresso para apoiar o que seriam os grandes eixos do programa de governo”, afirmou Mourão. “No entanto, o presidente já entendeu que tem que mudar algumas características desse relacionamento com o Congresso.”

Bolsonaro foi eleito em 2018 condenando a chamada “velha política”, representada sobretudo pelo fisiologismo dos partidos que compõem o centrão – que tiveram participação em todos os governos desde a redemocratização. Entretanto, diante de seguidas derrotas no Congresso, vem conversando nas últimas semanas com líderes desses partidos e negociado cargos, principalmente de segundo escalão.

“Não adianta as pessoas ficarem condenando: ‘ah, o presidente vai ficar refém do centrão, vai se aproximar…’ . A gente tem que lidar com os partidos e buscar extrair o melhor de cada um deles”, disse Mourão.

Valor Econômico