Nº 2 na economia diz que “reformas estão suspensas”

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As reformas tributária, fiscal, administrativa e da previdência, principais bandeiras do governo Bolsonaro para a Economia, estão temporariamente suspensas durante a crise do coronavírus, afirmou em entrevista ao UOL o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys.

“Estávamos preparados para finalizar a reforma tributária neste ano, levar a fiscal ao Congresso, estava tudo no nosso cronograma para este semestre. Com a pandemia, suspendemos as reformas, até porque o Congresso está com funcionamento mais restrito”, disse Guaranys.

O secretário garantiu a retomada das propostas com o fim da crise: “A prioridade [do Ministério da Economia] agora é tomar medidas para a pandemia, mas as reformas, que são a nossa chave para o país crescer de forma sustentável, voltam com força total logo depois que a pandemia passar”.

Guaranys afirmou que, especialmente diante de uma crise de saúde, “o governo tem que dar o melhor retorno possível para a população” e elogiou a equipe do Ministério da Economia por “preparar em dias medidas que são feitas em meses”.

“Não dá para atender o primeiro setor que vem correndo pedir ajuda. Tem que analisar quem vai sofrer mais, o que vai faltar primeiro, mas, das medidas que anunciamos, todas estão em prática”, disse.

O secretário do Ministério da Economia, que já foi presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), comparou a crise do coronavírus com os ataques do 11 de setembro, nos Estados Unidos — mas afirmou que a pandemia é a pior crise que teve que gerenciar na carreira.

“No 11 de setembro, ninguém sabia o que estava acontecendo e a primeira medida foi colocar todas as aeronaves no chão, todos os aviões dos Estados Unidos foram obrigados a pousar. No dia foi um susto, depois foi relaxando e as medidas que faziam sentido foram mantidas. Na pandemia é a mesma coisa, a gente não sabe como lidar e a a primeira reação foi fechar tudo”, disse.

Guaranys prometeu cautela em todas as decisões do Ministério: “Crise gera ansiedade, mas a nossa preocupação desde o começo é ter muita cautela, não tocar medidas sem analisar a fundo”.

Guaranys, afirmou que o número de pessoas com direito ao auxílio emergencial de R$ 600 foi maior do que o previsto inicialmente pelo governo, fazendo com que seja necessário abrir mais espaço no Orçamento para os pagamentos.

Ainda assim, ele afirmou que os valores serão pagos a todos que têm direito. “O auxílio emergencial vai ser pago, como o presidente tinha se comprometido, os ministros tinham se comprometido.”

Guaranys afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, permanece no governo. A possibilidade de saída surge depois de a Folha de S.Paulo ter confirmado que o ministro Sergio Moro pediu demissão ao ser informado por Bolsonaro da decisão de trocar a diretoria-geral da Polícia Federal, hoje ocupada por Maurício Valeixo.

Questionado sobre eventual saída de Guedes, o secretário-executivo disse não acreditar nisso.

“Eu acho que não. A gente tem âncoras e discussões diferentes. O Paulo Guedes, eu nunca vi alguém com estratégias de políticas econômicas tão completas. Grande parte do meu trabalho, até de falar com a imprensa, é traduzir essa estratégia. Ele é o ministro com maior amplitude de estratégia econômica que vi aqui.”

O Ministério da Economia está trabalhando em uma linha especial de crédito para micro e pequenas empresas, afirmou Guaranys.

Segundo ele, o programa já está sendo discutido entre governo e Congresso e será desenvolvido em parceria com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento). O secretário não informou a previsão de quando a medida entra em prática nem deu detalhes do que poderia ser.

Uol