Panelaços contra Bolsonaro já ocorrem todo dia pelo país

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Foto: Danilo Verpa/Folhapress

O presidente Jair Bolsonaro foi alvo de novo panelaço durante pronunciamento sobre a crise do novo coronavírus na noite desta quarta-feira (8).

Este é o quinto discurso de Bolsonaro sobre a Covid-19, o quarto desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia do novo coronavírus.

Houve protestos em diversos bairros de São Paulo e também em outras capitais do país.

No bairro de Bela Vista, na região central, houve gritos de “fora assassino” e de “fora genocida” contra o presidente. Em resposta, houve gritos de “fora comunistas”.

Também houve manifestações contra Bolsonaro em Vila Romana e Pompeia (zona oeste), Tatuapé (zona leste), Pirituba (zona norte), Ipiranga (zona sul), Santa Cecília e Campos Elíseos (centro).

Foram registrados ainda panelaços no Rio de Janeiro, em Brasília, em Salvador, no Recife, em Belo Horizonte e em Porto Alegre.

Os panelaços contra o presidente começaram no dia 17 de março e coincidem com o início da fase mais aguda das medidas de quarentena pelo país contra o novo coronavírus.

No pronunciamento de 24 de março, Bolsonaro reforçou a estratégia de minimizar os riscos da Covid-19, que já matou 800 pessoas no Brasil, e se referiu à doença como “gripezinha”, “resfriadinho” e “neurose”.

O presidente também usou o discurso para criticar o fechamento de escolas e comércios, além de atacar governadores e a imprensa.

Uma semana depois, no discurso de 31 de março, acenou aos chefes dos estados e pediu um pacto nacional de enfrentamento à pandemia. Já nos dias seguintes, porém, voltou a criticar as medidas de isolamento social aplicadas por governadores.

Os protestos desse tipo se tornaram uma marca da queda da popularidade de Bolsonaro por ocorrerem em bairros de classe média e alta nos quais ele foi bem votado nas eleições de 2018.

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha, a aprovação ao trabalho do Ministério da Saúde na pandemia é mais que o dobro da registrada por Bolsonaro. Governadores e prefeitos também têm avaliação superior à do presidente.

Na rodada feita de 18 a 20 de março, a pasta conduzida por Luiz Henrique Mandetta tinha uma aprovação de 55%. Na pesquisa de 1º a 3 de abril, o número saltou para 76%, enquanto a reprovação caiu de 12% para 5%. Foi de 31% para 18% o número daqueles que veem um trabalho regular da Saúde.

Já o presidente viu sua reprovação na emergência sanitária subir de 33% para 39%, crescimento no limite da margem de erro. A aprovação segue estável (33% ante 35%), assim como a avaliação regular (26% para 25%).

Nessa duas semanas entre as pesquisas, Bolsonaro antagonizou-se com Mandetta em diversas ocasiões. Contrariando a recomendação internacional seguida pelo ministro, insistiu que o isolamento social não é medida salutar para conter o contágio do novo coronavírus.

Em 2015, os panelaços tinham sido um símbolo da insatisfação com a então presidente Dilma Rousseff, que sofreu impeachment no ano seguinte.

Folha de S. Paulo