População relata dificuldades para receber auxílio
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Trabalhadores informais relatam uma série de dificuldades ao tentarem se cadastrar para receber o auxílio emergencial, e temem ficar sem os R$ 600 a que têm direito em meio à pandemia do novo coronavírus.
A Caixa Econômica Federal liberou, nessa terça-feira (07/04), o site e o aplicativo para realizar esse cadastro. A inscrição é necessária para quem não estava inserido no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal até 20 de março.
Se por um lado mais de 27 milhões de pessoas se registraram, segundo dados divulgados na noite dessa quarta-feira (08/04) pela Caixa, por outro, trabalhadores que não lograram preencher as informações insistem em uma tentativa desesperada de concluir o processo.
Um dos problemas mais recorrentes desde então é que os dados informados pelos cidadãos não estão batendo com os que constam na base da Receita Federal.
É o caso da atendente Débora Ayalla, de 23 anos. No dia do lançamento, ela contou ter tentado realizar o cadastro várias vezes, mas o aplicativo apresentou a seguinte mensagem: “Ops! Dados não encontrados”.
Para ela, o benefício de R$ 600 é muito importante. Desempregada há mais de um ano, não arranjou trabalho mesmo fazendo um curso de atendente de farmácia. Débora precisa pagar contas e, obviamente, comer.
Nessa quarta-feira, a jovem tentou novamente realizar as inscrições e obteve sucesso. Mas não tem muitas esperanças que o benefício chegue em suas mãos.
“Tenho dúvidas se realmente vou receber este benefício. Sempre que é para receber quem precisa, não recebi”, destaca.
A dificuldade relatada por Débora se repete. Nas redes sociais, internautas publicam o problema, pedem ajuda e reclamam da falta de apoio da Caixa.
O acupunturista Frederico Gomes Fiori Sant’anna, de 39 anos, conta ter sofrido com as inconsistências nas mais de 20 vezes que tentou se cadastrar no site e no aplicativo, e viu o desespero bater após a namorada conseguir fazer o cadastro, mas ele não.
“Como assim o governo oferece auxílio justamente para mim, que sou antônomo, e está dando erro? Minha contas vão continuar a chegar”, questionou.
Após contato da reportagem do Metrópoles, o trabalhador ligou para o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Caixa e relata ter conseguido, finalmente, resolver o problema.
Durante a quarentena, Frederico não está conseguindo trabalhar como acupunturista e resolveu voltar ao ofício de tradutor para tentar sobreviver.
“Eu ganhava bem mais que R$ 600. Mas é uma ajuda pois continuo tendo que pagar luz, internet e comida”, conta.
Procurada, a Caixa Econômica Federal informou que os dados preenchidos pelo cidadão na aplicação são validados, dentre outras bases, com as informações de CPF da Receita federal, conforme regras definidas.
“Caso os dados digitados estejam divergentes com a base da Receita Federal, ou ainda o CPF esteja irregular, o aplicativo apresentará mensagem impeditiva para a realização de seu cadastro”, explicou a estatal, em nota.
A orientação dada pela Caixa é que o cidadão verifique novamente os dados digitados para que eventuais erros de digitação sejam corrigidos, possibilitando a validação do cadastro.
Caso o CPF não esteja regular na Receita Federal, é necessária a prévia regularização antes da continuidade do cadastro.
A atualização da situação do CPF na Receita Federal não sensibiliza automaticamente as informações no aplicativo da Caixa. Essas informações são encaminhadas pela Receita Federal para a Caixa em processamento noturno, podendo levar até três dias para que a base do aplicativo esteja atualizada.
Dessa forma, após o prazo de atualização das informações do CPF na Caixa, deve ser realizado novo requerimento pelo cidadão.
Na última terça-feira (07/04), em entrevista coletiva, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, pediu desculpas pela instabilidade que o site apresentou no dia que foi lançado.
“Peço desculpas e paciência se em algum momento sistema estiver lento. Hoje será dia de maior intensidade”, declarou Guimarães, durante coletiva de imprensa.