Teich terá que “pilotar” irresponsabilidade de Bolsonaro

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Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

A missão do novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, não será fácil: assumir o ministério no momento em que o pior da epidemia da covid-19 ainda está por vir e ter de conciliar o inconciliável, que é a visão obscura de Bolsonaro da realidade e a necessidade de tomar medidas efetivas para a contenção da velocidade de transmissão do vírus.

Bolsonaro visivelmente tenso anunciou o “divórcio” com Luiz Henrique Mandetta e a nomeação de Teich, ao mesmo tempo em que prometeu debitar da conta dos governadores as consequências econômicas das medidas de distanciamento social.

Teich, que não tem experiência no SUS, enfatizou que não deve existir conflito entre Saúde e Economia, que sua ação será baseada na ciência e que não haverá mudanças bruscas nas orientações sobre o distanciamento social.

O novo ministro disse que é preciso coletar dados e produzir informações para tomar as medidas necessárias. Afirmou que pretende implementar um programa de testes para definir os melhores tratamentos e ações para o combate à epidemia e encerrou o seu discurso dizendo estar em completo alinhamento com o presidente.

Alguém terá de avisar ao novo ministro que numa situação de crise sanitária as decisões técnicas são tomadas com informações disponíveis e por isso é que se ouvem cientistas, entidades como a Organização Mundial da Saúde e, principalmente, olha-se para a experiência dos países que já estão enfrentando a epidemia há mais tempo. Era o que corretamente Mandetta estava fazendo. Resta saber qual será a reação de Teich quando o Bolsonaro voltar a afrontar a ciência, a razão e a paciência dos eleitores.

Estadão