Bolsonaristas organizam ataque virtual a STF

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Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

Tão logo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a imediata suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, grupos bolsonaristas deram início a uma campanha difamatória contra o magistrado nas redes sociais.

Foram disparados memes e informações que tentavam tirar a credibilidade do ministro. Os cards – como são chamados os cartões produzidos para viralizar – mostravam Alexandre de Moraes com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto do presidente Jair Bolsonaro, e também com o deputado federal Aécio Neves (PSDB), flagrado em um áudio com o empresário Joesley Batista, da J&F, acertando o recebimento de R$ 2 milhões para pagar advogados.

Ordens eram dadas em grupos de apoiadores de Bolsonaro no Telegram e no WhatsApp no sentido de convocar a militância a usar as hashtags #STFditador e #STFVergonhaNacional. Com a mobilização, rapidamente as palavras ganharam destaques nos trending topics do Twitter. As ações coordenadas nesses grupos são, na maioria das vezes, administradas por perfis fictícios.

Enquanto a Polícia Federal e o Supremo apuram em um inquérito aberto desde o ano passado a autoria de disparos de mensagens com ataques à Corte, a militância continua atuante na ponta. As mensagens as quais o GLOBO teve acesso mostram que houve uma ação coordenada nos grupos do Telegram e WhatsApp para bombar as interações contra Alexandre de Moraes.

Caso mais recente, Moraes não é o único alvo dos militantes. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), são vítimas frequentes da militância bolsonarista.

O GLOBO teve acesso a mensagens de seis grupos diferentes de apoiadores no Telegram e outros três de WhatsApp. No Telegram, o Exército Bolsonaro, com 31.715 membros, movimenta diariamente cerca de 10 mil mensagens. Há outros com nome de Bolsonaro Presidente, com 12.354 membros, ou Bolsonaro Guerreiro, um grupo menor, com 989 membros. E até mesmo Bolsonaro 24horas, com 912. Segundo fontes, esses grupos impõem regras de participação e param de funcionar durante a madrugada, retomando as postagens às 6h.

Além de Congresso e Supremo, ministros do governo Bolsonaro também já entraram na mira da militância, como é o caso de Tereza Cristina (Agricultura), que virou alvo por ser filiada ao DEM. Nem mesmo Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil) ou Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) se livraram do assédio de militantes. Esses últimos sofreram ataques de olavistas após ganharem título de “conselheiros” do presidente.

Nas últimas duas semanas, os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça) também foram bombardeados nos grupos de apoiadores do presidente. Em coletiva de imprensa quando ainda era ministro, Mandetta chegou a dizer que tinha virado alvo dos ataques. Já Moro postou nas redes sociais após deixar o governo estar assistindo “uma campanha de fake news nas redes sociais e em grupos de Whatsapp para me desqualificar” e afirmou “não se preocupar” pois me já passou pelo mesmo durante a Operação Lava Jato.

O Globo