Brasil apoia “investigação independente” da OMS

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Foto: POOL

Nesta segunda-feira, o governo do Brasil e de outros 60 países do mundo vão colocar à votação uma resolução que pedirá a abertura de uma avaliação “imparcial e independente” da resposta dada pela OMS à pandemia.

A agência de Saúde realiza sua assembleia anual, com a participação de chefes-de-estado e ministros de todos os 194 países. O evento, virtual, deve ser marcado por duras críticas contra a OMS e ataques mútuos entre governos.

Numa resolução que estará sobre a mesa, os governos vão pedir que seja iniciado um processo de avaliação dos mecanismos existentes na OMS para dar respostas às emergências globais.

A resolução ainda pede que o processo avalie também o regulamento sanitário internacional, acordo fechado em 2009 e que cria obrigações a países para que informem a OMS sobre eventuais surtos.

Também será colocado em questão “a contribuição da OMS nos esforços da ONU”, uma maneira diplomática de forçar uma revisão das práticas da entidade.

O texto está sendo proposto pelo Brasil, Austrália, Chile, Colômbia, Japão, UE, Rússia, Reino Unido e vários outros governos. Não está claro se Pequim e Washington aceitarão o acordo.

Para os americanos, o texto é ainda considerado progressista demais no que se refere ao papel central atribuído para a OMS em questões de saúde.

Negociado por três semanas em intensas reuniões, o texto teve de ser construído de uma forma ampla para deixar espaço a todas as opções. Governos como o da Austrália querem uma avaliação imediata do papel da OMS e da China, enquanto a Europa estima que tal avaliação apenas pode ser feita com a pandemia superada.

Na OMS, seu diretor-geral, Tedros Ghebreyesus, defende que haja uma revisão. Mas apenas quando a atual crise acabar. Alguns estimam que a declaração de pandemia pode levar meses ou mais de um ano para ser retirada.

Tedros, ainda assim, será alvo de intenso questionamento em sua reunião de hoje. O governo de Donald Trump decidiu focar seus ataques contra a OMS, na esperança de encontrar um culpado pela crise. Tedros, de seu lado, alerta que a declaração de emergência mundial ocorreu no dia 30 de janeiro e que, apenas semanas depois, é que os EUA reagiram.

O diretor-geral da OMS, porém, espera obter o apoio de China e vários outros países, na tentativa de reduzir a pressão nos próximos dois dias.

Até sexta-feira, seria Nelson Teich quem acompanharia os debates na OMS e faria o discurso em nome do governo de Jair Bolsonaro.

Mas com sua saída do Ministério da Saúde, abriu-se uma incerteza sobre quem representaria o Brasil. A OMS chegou a buscar esclarecimentos sobre quem falaria em nome do país, inclusive para estabelecer sua lista com base no protocolo diplomático.

Neste domingo, Brasília indicou que o discurso do país na OMS deve ser realizado por Eduardo Pazuello, militar que ocupa de forma interina o cargo vago de Teich. O general, que afirmou ser “leigo” em questões médicas, tem coordenado a operação de compras de equipamentos e máscaras.

Em Genebra, chamou a atenção o fato de o Brasil indicar a participação de um militar, principalmente diante do número elevado de especialistas reconhecidos e nomes de alto gabarito do país na Saúde. A regra, porém, estipula que um país deve ser representado no evento pelo chefe-de-governo ou por um ministro.

Uol