Delegado demitido diz que Flávio Bolsonaro é investigado

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Sérgio Lima/Poder360

O ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro e atual diretor-executivo da PF, Carlos Henrique Oliveira de Sousa, disse em depoimento, nesta quarta-feira (13/5), ter conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral na corporação envolvendo um familiar de Bolsonaro. O delegado se refere a uma investigação contra um dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Oliveira pontou que o inquérito já foi relatado e não houve indiciamento.

“Perguntado se tem conhecimento de investigações sobre familiares do presidente nos anos de 2019 e 2020 na SR/PF/RJ disse que tem conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral cujo inquérito já foi relatado, não tendo havido indiciamento”, diz o depoimento. A informação contradiz falas proferidas pelo presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (12), quando afirmou que nunca esteve preocupado com a PF. “A Polícia Federal nunca investigou ninguém da minha família, isso não existe no vídeo”, disse.

O depoimento faz parte do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga suposta tentativa de interferência política do presidente na PF após acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. Ao pedir demissão, Moro afirmou que o presidente manifestou desejo em trocar dois superintendentes do Rio de Janeiro no ano passado, sem dar motivos para a substituição.

O suposto interesse do presidente na superintendência vem em um cenário no qual houve um inquérito aberto contra Flávio Bolsonaro por lavagem de dinheiro no momento em que declarou seus bens nas eleições de 2014, 2016 e 2018. A PF fez um pedido de arquivamento em março deste ano, segundo reportagem do jornal O Globo, mas sem que houvesse um pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário das pessoas investigadas.

Além disso, em vídeo de reunião entre Bolsonaro e ministros no último dia 22 de abril, o presidente fala em proteger seus familiares e amigos. Em depoimento do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), na última terça-feira (12), a própria Procuradoria-Geral da República (PGR) entendeu a fala como uma referência ao superintendente da PF no RJ.

“Perguntado sobre uma fala do presidente no vídeo da reunião do dia 22, exibido nesta data por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), que, no entender da PGR, se referia ao Superintende (sic) do Rio de Janeiro, em que o presidente fala em proteger seus familiares e amigos”, pontou. O vídeo em questão foi citado por Moro como prova de que o chefe do Executivo teria exigido mudanças na chefia da PF e ameaçado demitir o ex-ministro.

O novo número 2 da PF também afirmou que durante a sua gestão na PF do Rio não lhe foi solicitado pelo presidente relatórios de inteligência sobre algum tema específico do estado, “assim como não houve pedidos de relatórios de inteligência feitos pelo presidente por intermédio do então ministro da Justiça (Sérgio Moro) e pelo delegado (geral, Maurício) Valeixo”. Ele ficou na superintendência de novembro do ano passado até esta quarta-feira (13).

Ainda em seu depoimento, Oliveira afirmou que ele mesmo indicou o seu sucessor na superintendência da PF, Tácio Muzzi. A indicação ocorreu depois de o diretor da PF, Rolando Alexandre, tê-lo convidado para ocupar o cargo de diretor-executivo da instituição. A nomeação de Muzzi ainda não foi publicada em Diário Oficial da União (DOU), mas ele já foi escolhido para ocupar o cargo.

Correio Braziliense