Grupo de extrema-direita devassa a vida de novos integrantes

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Foto: IGO ESTRELA/METRÓPOLES

Instalado no centro do poder, o acampamento 300 do Brasil redobrou a atenção com relação ao ingresso de novos integrantes. Para evitar infiltrados, eles reforçaram o esquema de inteligência e segurança. Organizados, eles destacaram pessoas que ficam exclusivamente responsáveis por promover uma verdadeira devassa na vida de quem aspira associar-se ao grupo. O processo é rigoroso e nem todos são aprovados.

Nos últimos dias, o Metrópoles tem acompanhado a movimentação da ala extremista de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O grupo ocupa a frente do Ministério da Justiça desde 1 de maio. Uma seguidora deu detalhes de como funciona o método de cadastro e a logística do acampamento.

Os interessados passam por uma entrevista com o responsável pela inscrição. Ele fica posicionado na lateral do prédio oficial, em uma mesa munido de caderno com anotações de dados pessoais dos associados. Também se vale de um notebook para pesquisas. No local, todas as funções são divididas e hierarquizadas.

Durante o processo seletivo, os entusiastas precisam informar sua cidade natal, em quem votou, se conhece o movimento, se tem redes sociais, se deseja acampar e, sobretudo, apresentar RG, CPF e entregar o celular a um dos coordenadores. O candidato também recebe um resumo do que é o movimento e quais são suas diretrizes. A pauta do grupo é lida, geralmente, em mensagens no celular.

Após a conversa, os integrantes tiram foto da documentação e inspecionam o celular dos interessados. Olham as redes sociais e analisam se a pessoa tem o perfil do grupo. Também pesquisam se há antecedentes criminais. Depois de passar pela triagem e de ter o seu cadastro aprovado pelo coordenador, o indivíduo se torna, oficialmente, um integrante do 300 do Brasil.

O local tem um banheiro químico, estoque com água, lanches e café. O grupo conta com integrantes de várias regiões do país, como Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul, Pará e Tocantins. O uso de máscara para conter a propagação do coronavírus não costuma ser regra, mesmo com a determinação do GDF de punir com multa de até R$ 2 mil quem desrespeitar a norma.

Em geral, o grupo não acredita na potencialidade da doença e propaga teorias sobre a real situação no país.

Aos apoiadores, eles pedem doações de água mineral. Também chegaram a solicitar auxílio por meio de uma vaquinha virtual tirada do ar nessa quarta-feira (27/05). Eles se negam a falar em financiamento por empresas ou partidos.

Quando questionados, defendem que estão no local por uma causa legítima e que pretendem permanecer até “Maia e Alcolumbre caírem, quando o STF entender que deve respeitar a plena tripartição de poderes, quando governadores e prefeitos respeitarem o pacto federativo e quando houver governabilidade para o Poder Executivo”.

Com perfis nas redes sociais, o grupo atrai a atenção de entusiastas da extrema direita. Apesar de ter o nome 300, somente 30 pessoas permanecem no local diariamente. Barracas improvisadas contêm divisórias para área de refeição e dormitórios.

No local, eles também guardam faixas e pedaços de cartolina em branco para o caso de uma manifestação de última hora, como nessa quarta-feira (27/05), contra o desdobramento da Operação Fake News, deflagrada pelo STF e Polícia Federal.

A idealizadora do 300, conhecida como Sara Winter, foi alvo de busca e apreensão. Segundo ela postou nas redes sociais, os investigadores levaram seu celular, computador e tablet. Todo o material foi encaminhado à Suprema Corte.

Após a busca, a blogueira fez uma transmissão ao vivo no YouTube. Contou que a PF chegou a sua residência às 6h. Alegou se sentir uma “criminosa”, fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes e pediu doações em dinheiro dos seguidores.

Metrópoles