Logistas criticam plano de Doria para abrir shoppings

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Foto: Daniel Ducci

O anúncio de um início de flexibilização nas medidas restritivas da quarentena feito pelo governador de São Paulo, João Doria, nesta quarta (27) foi mal recebido entre empresários donos de redes de lojas de shoppings.

A impressão geral é a de que o governo não foi claro em relação aos shoppings e que isso vai dificultar a organização das empresas. Também existe um receio de que as vendas ficarão muito baixas no primeiro momento e não serão suficientes para cobrir os custos com a reabertura.

“Estou achando confuso. Para nós, que somos gestores de empresa, é ruim porque precisamos trabalhar com planejamento e comunicar os funcionários com antecedência”, diz Marcelo Feldman, dono das marcas Petistil e Loja 18.

A reabertura deve vir acompanhada de uma série de limitações no horário de funcionamento e no fluxo de clientes nos estabelecimentos, mas os empresários querem conhecer logo as restrições para começarem a calcular as estimativas.

“O horário e o fluxo provavelmente vão ser reduzidos. Se você soma tudo isso à insegurança das pessoas, a expectativa é muito baixa, infelizmente”, diz Feldman.

Tito Bessa Junior, da rede TNG, diz que nas outras cidades em que ele já abriu suas lojas veio uma carta das prefeituras com as regras bem definidas. “Em São Paulo faltou o detalhamento. As medidas sanitárias estão claras. Mas nós não entendemos outros aspectos. Como vai ser o turno funcionamento, por exemplo?”, afirma ele.

“Já deveriam ter falado nas determinações. Estou decepcionado com esse prefeito. Está muito confuso”, diz Viktor Ljubtschenko, diretor da rede de pijamas e lingeries Any Any.

Ângelo Campos, diretor da marca MOB, que tem 32 lojas no Brasil,​ diz que a experiência em cidades que já permitiram a retomada foi negativa. Suas unidades em Campo Grande e Porto Alegre abriram, mas o faturamento não foi suficiente para pagar a conta de luz, segundo ele.

O executivo também reclama da falta de apoio do governo do estado de São Paulo e do município ao comércio, que foi obrigado a fechar para ajudar a conter o contágio.

“Estamos indo para o terceiro mês fechados e o governo de SP não abriu mão de um tostão da receita dele. O ICMS tem que ser pago no dia, senão tem multa. ​A prefeitura também não abriu mão do IPTU. O único que está ajudando é o governo federal”, afirma Campos.

Folha De S. Paulo