PF do Rio está sob holofotes

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Foto: Reprodução

Agentes, delegados e peritos da Polícia Federal no Rio de Janeiro estão apreensivos com a troca da chefia da Superintendência da corporação no estado. Nos bastidores, o clima é tenso e de incertezas entre os policiais sobre os próximos passos do presidente Jair Bolsonaro. Em conversas reservadas, há dois nomes cotados para o cargo: Alexandre Saraiva, que, atualmente, comanda a PF no Amazonas, e o delegado Rodrigo Piovesan Bartolomei, responsável, no ano passado, por uma operação para recuperar o celular do hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, em uma favela carioca. Mendonça era então advogado-Geral da União (AGU). Os dois têm a simpatia do clã Bolsonaro.

Ao assumir como diretor-geral da PF, Rolando Souza decidiu mudar a Superintendência do Rio. Carlos Henrique Oliveira ocupava o posto e foi convidado por Souza para diretor-executivo, em Brasília, passando a ser o número dois da corporação, mas o cargo não lida com investigações. A Procuradoria Geral da República (PGR) vai investigar a troca. Embora negue interferência na PF, Bolsonaro tem interesse na mudança, segundo afirmou o ex-ministro Sérgio Moro ao pedir exoneração. A PF identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), o filho Zero Dois, como um dos articuladores de um esquema envolvendo a proliferação de fake news.

Em agosto de 2019, Alexandre Saraiva era um dos favoritos para assumir a Superintendência da PF do Rio, ideia que irritou Sérgio Moro e o ex-diretor-geral Maurício Valeixo – ambos achavam que o então chefe Ricardo Saadi preenchia bem os requisitos do posto. Mas o nome de Saadi desagradava a Jair Bolsonaro, que reclamava da produtividade do braço da PF fluminense.

À época, um dos inquéritos em andamento investigava o aumento patrimonial do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), o filho Zero Um do presidente. O caso foi arquivado este ano. Durante as negociações, Carlos Henrique Oliveira acabou sendo o escolhido para o cargo depois de um acordo fechado com a própria cúpula da PF.

Também em agosto do ano passado, Rodrigo Piovesan Bartolomei comandou uma operação em conjunto com a Polícia Militar. A missão era recuperar o celular do ministro André Mendonça. Segundo a AGU, o aparelho havia sido esquecido por Mendonça em um carro de aplicativo e continha informações sigilosas por ser telefone funcional. Ao todo, oito policiais federais, sete policiais militares, duas viaturas da PF e três veículos da PM foram utilizados na ação. Bartolomei e Mendonça são amigos.

Rodrigo Piovesan Bartolomei atuava na Delegacia Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado, mas saiu logo após a operação realizada na favela. Em 2018, o delegado foi nomeado chefe da Divisão de Cooperação Policial Internacional da Coordenação-Geral de Cooperação Internacional da Diretoria Executiva da PF. Ele também trabalhou como delegado em Cuiabá.

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