Presidente da Câmara denunciará Eduardo Bolsonaro ao Conselho de Ética

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Foto: Agência Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que o Brasil esteja a ponto de um golpe de Estado. Nesta quarta-feira, o deputado e filho do presidente da República, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que uma ruptura institucional “não é mais uma opinião de se, mas de quando”.

Em entrevista à Rádio Tupi, Maia afirmou que as instituições estão “garantindo sua independência”. Reprovou, porém, as falas de Jair Bolsonaro e de seu filho. Hoje, o presidente disse que “ordem absurda” não deve ser cumprida, em referência à ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, seja ouvido sobre disseminação de notícias falsas.

— A decisão do próprio ministro Alexandre (de Moraes) de ouvir Weintraub precisa ser respeitada. A gente não pode ir contra uma decisão do Judiciário porque foi contra um aliado nosso. Precisam ser respeitadas. O governo tem o direito de criticar, (mas) o tom é ruim, o tom é excessivo.

Maia afirmou ainda que o problema das notícias falsas existe, influenciou as eleições no Brasil e que é preciso aprovar uma lei responsabilizando as plataformas de redes sociais pelos efeitos danosos disso na sociedade.

Disse que a Câmara pode analisar as falas de Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética, quando este voltar a funcionar, se um partido entrar com uma representação contra ele. E que “espera” que ele não tenha ouvido do pai que uma “ruptura institucional” se aproxima.

— (A fala) é muito ruim, é muito grave. Se algum partido entender que há um crime na frase dele, pode representar no Conselho de Ética.

— O Supremo vai continuar tendo o apoio do Legislativo para tomar suas decisões de forma independente. Frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições, e isso é ruim — afirmou.

‘Militares sabem seu papel’
Mais tarde, Maia foi questionado por jornalistas sobre novas declarações de Eduardo Bolsonaro. O filho do presidente disse à rádio Bandeirantes que militares poderiam “botar panos quentes” no conflito entre Executivo e STF, para que depois seja retomada a normalidade democrática.

— Acredito que os militares têm responsabilidade, sabem o seu papel. Sabem que o seu papel não é muitas vezes o que é defendido pelo deputado Eduardo Bolsonaro.

O presidente da Câmara respondeu, também, sobre porque o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados ainda não puniu falas antidemocráticas de Eduardo Bolsonaro, que são reincidentes.

— Sim, no momento que o Conselho de Ética voltar a funcionar, certamente o deputado terá todo o direito de responder, de fazer sua defesa, sua explicação do que quis dizer. Cabe ao Conselho de Ética decidir o que faz. Nós vamos esperar algumas semanas para restabelecer o conselho de ética e aí, claro, é o caminho adequado para esses debates.

Ele frisou que “nossa democracia é o valor mais importante do nosso país e as instituições precisam ser respeitadas sempre”.

O Globo