Regina melhora posição no governo aderindo ao obscurantismo

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Foto: Reprodução

Regina Duarte vinha sendo fritada pelas milícias (digitais) de Carlos Bolsonaro, o filho 02, por não encampar o obscurantismo que é brevê para quem deseja integrar o atual governo. Encontrou dificuldades para trabalhar nestes dois meses à frente da Secretaria Especial da Cultura. Com a entrevista concedida à CNN Brasil na quinta 7, é de se imaginar que, enfim, a atriz tenha assumido o cargo. Comportou-se como uma bolsominion de raiz.

Não só minimizou as atrocidades cometidas pelo regime militar, afirmando que “sempre houve tortura” na história da humanidade, como demonstrou sentir saudade daqueles tempos ao cantarolar “Pra frente, Brasil”, de Miguel Gustavo: “Não era bom quando a gente cantava isso?”, riu. A marchinha embalava a torcida na Copa de 1970, enquanto a ditadura torturava e matava.

Nas redes sociais, alguns artistas vinham duvidando da identificação de Regina com Jair Bolsonaro. Apostavam que ela estava mergulhada na lama anti-iluminista de forma pragmática, para ajudar os colegas. A entrevista dissolveu essa fantasia.

A atriz exibiu o traço mais marcante do presidente: o desprezo pela vida alheia; o fascínio pela morte. Em seus mais de 30 anos de (velha) política, Bolsonaro foi enfático, mas dispersivo em seu ódio. Atacou mulheres, negros, indígenas, gays, esquerdistas, democratas em geral… No cargo que ocupa agora, ganhou o poder de investir contra toda a população do país de uma vez só. Ao negar a seriedade da pandemia do coronavírus e sabotar as medidas de proteção, trabalha firme e feliz para que morram dezenas de milhares de brasileiros.

A secretária não foi tímida na sua digressão funérea: “Na humanidade não para de morrer gente”. E produziu um momento de raro cinismo: “Não quero arrastar um cemitério de mortos nas costas. Sou leve, estou viva, estamos vivos”. Mas o que vai ficar, na sua biografia, é seu menosprezo pela vida – e pela morte – dos próprios colegas. Teve a chance de homenagear artistas que se foram recentemente, alguns pela Covid-19, mas tripudiou: “Se eu estiver sendo cobrada significativamente por uma população que queira ser informada de cada óbito, abro um obituário”.

Podemos auxiliar o trabalho da equipe da secretária oferecendo uma pequena lista de nomes. Apenas uma amostra:

Aldir Blanc (por Covid-19)

Flávio Migliaccio

Daisy Lúcidi (Covid-19)

Rubem Fonseca

Luiz Alfredo Garcia-Roza

Moraes Moreira

Tantinho da Mangueira

Riachão

Daniel Azulay (Covid-19)

Martinho Lutero Galati (Covid-19)

Naomi Munakata (Covid-19)

Nelson Leirner

Jorge Salomão

E ainda houve mecenas (Ricardo Brennand, de Covid-19), intelectuais (Ruy Fausto)…

Precisava emitir notas para todos os casos? Não. Precisava não ter emitido para nenhum deles? Também não.

Disse que estava contatando diretamente as famílias. No caso de Aldir Blanc, uma filha do compositor recebeu mensagem no Twitter de um assessor da secretaria. Não chega a ser uma atitude respeitosa.

A atriz afirmou que era rejeitada apenas por uma minoria “gritalhona”. “O setor gosta de mim”, afirmou. Depois dessa entrevista, nem tanto. Maitê Proença, outrora defensora do direito de sua colega apoiar Bolsonaro, não teve seu depoimento ouvido por Regina na CNN Brasil. E demonstrou ao jornal O Globo, na sexta 8, seu desalento: “O convívio com aquela gente ruim contaminou a Regina que eu pensei existir na Regina”.

Para se manter no cargo, caso assim deseje, precisará contar com o apoio de Carluxo e da turma da olavagem cerebral. Mas Olavo de Carvalho, que faz a cabeça (sic) do governo Bolsonaro sobre cultura (sic), já a deixou na mão. Depois de uma primeira mensagem de apoio, foi sucinto, ao seu estilo, na segunda: “Regina Duarte, VTNC”. Significa “vai tomar no cu”.

Após dois meses no papel de secretária Porcina, a que foi sem nem ter sido, a atriz agora representa a Rainha da Sucata. O cargo ainda não foi para o lixo, mas a empatia está lá.

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