Ação da PF preocupa Bolsonarismo
Foto: Abdias Pinheiro/ASCOM/TSE
A operação da Polícia Federal que cumpriu, nesta terça-feira (16/6), mandados de busca e apreensão em endereços de bolsonaristas, no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos, do Supremo Tribunal Federal (STF), aumentou a preocupação do Planalto com possíveis repercussões no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O temor da cúpula do governo é com o provável compartilhamento de informações entre os tribunais em ações que pedem a cassação da chapa que elegeu o presidente Jair Bolsonaro e o vice, Hamilton Mourão.
Dos alvos da ação da PF, pelo menos três são investigados também em um outro inquérito do STF, o que apura fake news e ataques a membros da Corte. São eles o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), o blogueiro Allan dos Santos e o empresário Otávio Fakhoury, um dos fundadores do Aliança pelo Brasil.
Já em relação aos 11 parlamentares que tiveram o sigilo bancário quebrado, no âmbito do inquérito sobre atos antidemocráticos, quatro deles também são alvo da investigação contra fake news: os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Carla Zambelli (PSL-SP), Daniel Silveira (PSL-RJ) e Junio Amaral (PSL-MG).
Na semana passada, o ministro Og Fernandes, do TSE, deferiu um pedido da coligação O povo feliz de novo (PT/PCdoB/Pros) para que os dois tribunais compartilhassem informações, perícias e diligências. Fernandes é o relator de quatro ações que tratam da contratação de disparos de mensagens em massa, via WhatsApp, nas eleições de 2018.
Na decisão, o corregedor também enviou ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, uma solicitação para ter acesso a dados da investigação. O temor do Palácio do Planalto é que, agora, o ministro do TSE adote o mesmo procedimento em relação ao inquérito do Supremo que apura os atos antidemocráticos, já que alguns suspeitos são citados em ambos os casos.
As ações no TSE contra a chapa Bolsonaro-Mourão acusam os candidatos de abuso de poder econômico no pleito de 2018. Tanto na Corte eleitoral quanto no STF, as suspeitas apontam para a existência de um esquema de doações eleitorais ilegais por meio da divulgação de fake news e ataques a adversários, autoridades e instituições. Essa organização criminosa, segundo as investigações, estaria atuando até os dias de hoje.
À medida que as apurações vão convergindo, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com o rumo das ações eleitorais no TSE, ao mesmo tempo em que radicaliza o discurso. Na segunda-feira, por exemplo, durante entrevista à BandNews, ele afirmou que as Forças Armadas não vão aceitar “julgamento político para destituir um presidente democraticamente eleito”. Na ocasião, em um recado ao Supremo, disse que está “sendo complacente demais”.