Agora interino da Saúde nega maquiagem de dados

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: José Dias/PR

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse nesta terça-feira que houve muita “desinformação” na “fatídica” discussão sobre os dados de casos e óbitos da covid-19, na reunião ministerial que ocorre nesta terça-feira no Palácio do Planalto.

O Valor informou, em sua edição de ontem, que houve pressão do Planalto para mudar informações sobre a doença. Desde a semana passada, o governo tem sido duramente criticado pelas mudanças na divulgação.

“É claro que o somatório dos dados está disponível”, afirmou. Ele acrescentou que não há horário para a divulgação, podendo ser às 18h ou 19h. “Quanto mais cedo ele chegar, mais cedo ele é analisado e divulgado”, disse.

“Hoje estamos com dois grandes números, de contaminação e óbitos”, disse. “E estamos trabalhando para mostrar 100% dos dados.” Ele acrescentou que o governo levou 20 dias para modelar os dados. “Se demorou, peço desculpas.”

O ministro afirmou que o governo jamais teve preocupação com hipernotificação, e sim com subnotificação de casos.

O Brasil acompanha de perto o desenvolvimento das 16 vacinas mais promissoras contra a covid-19. A melhor delas é a que está sendo pesquisada em Oxford, disse o ministro. É possível que essa vacina esteja pronta na metade do segundo semestre deste ano.

Ele informou que o Brasil participa dos trabalhos de Oxford. “Já fazemos parte do processo, para ter direito até de produzir no Brasil”, disse. O trabalho seria feito em conjunto com a Fiocruz e Biomanguinhos. A produção poderia suprir o Brasil e possivelmente ser exportada para a América Latina.

Outras vacinas promissoras acompanhadas de perto são a que está em pesquisa nos EUA e uma na China. O ministro afirmou que o Brasil acompanha várias iniciativas, para não colocar todos os ovos na mesma cesta. Também estão em desenvolvimento duas vacinas no Brasil.

Pazuello afirmou também que o comportamento da pandemia no Brasil se divide em duas fases. “Tivemos um primeiro grande impacto [de covid-19] nas regiões Norte e Nordeste”, disse. No momento, há recrudescimento dos casos no interior dessas duas regiões. “A estratégia principal é evacuar os pacientes do interior e tratá-los nas capitais”, informou. “Onde houver hospitais suficientes no interior, ele será tratado.” A pandemia, admitiu, “vai se espraiando.”

A segunda fase, do Centro-Sul, deverá ser completamente diferente, disse. Segundo o ministro, a experiência mostrou que alguns protocolos não eram os mais adequados. Por exemplo, “ficar em casa e só ir para o hospital quando estiver passando muito mal é uma péssima ideia.” Essa curva de aprendizagem, disse, fará com que a pandemia seja diferente no Centro-sul. “A UTI e os respiradores são a última opção”, disse. “Temos que tratar as pessoas antes.”

O trabalho do Ministério da Saúde se divide em dois grandes eixos, disse Pazuello: o trabalho de testagem e diagnóstico, e o manejo dos pacientes. O ministro acrescentou que já foram habilitados 7,3 mil leitos. “Estamos pagando para todos Estados e continuamos recebendo solicitação para habilitações”, disse.

Pazuello informou que já foram distribuídos mais de 10 milhões de testes e que 5% da população já foi testada. “Estamos nos preparando para fazer esses exames de PCR, não é simples” disse. Por isso, o foco deve estar no tratamento inicial, nas tomografias computadorizadas, afirmou. Essa é a melhor forma de combater o problema, disse.

O ministro interino da Saúde pediu também uma salva de palmas para os profissionais de saúde. “Eles [profisisonais de saúde] também estão arriscando suas vidas, muitos já morreram”, comentou. O ministro também se solidarizou com as famílias que sofreram perdas de vidas e agradeceu o apoio da equipe de governo.

“A maior ferramenta que poderíamos ter para o enfrentamento à covid-19 é o SUS”, afirmou o ministro, admitindo que não conhecia a ferramenta. Ele afirmou que está fazendo quatro ações no ministério, sendo que a primeira é a transparência. A pasta foi duramente criticada depois que alterou a divulgação de dados sobre casos e óbitos em função da covid.

A segunda ação, disse, é reforçar as superintendências, “recriá-las de uma forma eficaz”. Citou ainda a busca por recursos e o acompanhamento de “cada real” repassado a Estados e municípios. “É um esforço do governo federal de colocar esses recursos e precisamos cuidar para evitar desvios”, afirmou. A maior parte da equipe do Ministério da Saúde já foi nomeada, informou. A maior parte são médicos.

Valor Econômico