Aluna vítima de racismo em escola de elite muda de escola

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Foto: Reprodução/O Globo

A estudante Fatou Ndiaye, de 15 anos, vítima de racismo em mensagens trocadas por alunos do Liceu Franco-Brasileiro, na Zona Sul do Rio, onde estudava, compareceu ao primeiro dia de aula em um novo colégio nesta segunda-feira. Fatou ficou 40 dias sem estudar por conta do episódio e a família decidiu pela mudança por não concordar com a maneira como a instituição conduziu o caso. O professor Mamour Sop Ndiaye, pai da jovem, celebrou o recomeço em uma rede social:

“Gratidão aos mestres. Começa a nova jornada na nova escola. Muda de escola. Mas não mudou de sociedade. A luta por um Brasil racialmente mais justo não tem mais volta. Tentei fazer minha parte. Não bastou apenas colocar minhas meninas no colégio. Como educador, percebendo a carência da escola em muitos assuntos, principalmente no trato racial, eu comparecia para dar palestras o orientação. Em vão. O despreparo e o desinteresse do colégio eram maiores. Abandonar não é desistir. É deixar as coisas como elas são”, afirmou.

O episódio criminoso que ocorreu em maio repercutiu nas redes sociais e artistas como Taís Araújo e Iza manifestaram solidariedade a Fatou. A jovem descobriu as mensagem racistas através de um amigo que participava do grupo em um aplicativo onde elas foram enviadas.“Dou dois índios por um africano”, “quanto mais preto, mais preju” e “fede a chorume” foram alguns dos insultos compartilhados.

A primeira reunião de Mamour Sop Ndiaye, com representantes do colégio para tratar do caso ocorreu no dia 20 de maio. O pai foi informado que um ofício havia sido encaminhado para o Conselho Tutelar e a instituição tomaria outras ações “após a apuração dos fatos pelas autoridades”.

Dois dias depois, a polícia identificou os responsáveis e no dia 27 de maio, o Franco-Brasileiro decidiu afastar os estudantes, que foram proibidos de participar das aulas on-line ministradas durante a pandemia do coronavírus. Ainda naquela manhã, porém, Fatou retornou aos estudos após a família ser informada da decisão da escola, mas ainda encontrou os colegas envolvidos na ocorrência presentes na aula virtual. O pai defendia a expulsão dos responsáveis.

No início de junho, dois adolescentes foram indiciados pela polícia por fato análogo aos crimes de racismo e injúria racial e um terceiro por fato análogo ao crime de injúria racial. A Defensoria Pública do Rio também cobrou do colégio providências no intuito de reparar danos coletivos sofridos pela comunidade escolar após o caso. A instituição disse ter contratado uma consultoria para um programa de aprofundamento contra o racismo, a discriminação e o preconceito.

O Globo