Bolsonaristas invadem hospital de campanha em SP

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Foto: Reprodução

Cinco deputados estaduais invadiram as dependências do hospital de campanha do Anhembi na tarde desta quinta-feira para criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e afirmar que o governo paulista tem mentido sobre o número de casos de mortes e de pessoas contaminadas por covid-19 no Estado. Os parlamentares foram a uma ala ainda não ativada, com leitos vazios e camas sem colchão, e gravaram vídeos dizendo que não há pacientes no local. A ação foi amplamente registrada pelos deputados, que estavam acompanhados por assessores e fizeram transmissões ao vivo e divulgaram vídeos pelas redes sociais.

Os deputados Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), Coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante) forçaram a entrada no hospital sob a justificativa de que iriam vistoriar as dependências do local, que foi adaptado para receber pacientes com covid-19. Em vídeos publicados em redes sociais, os parlamentares falam que querem “desmascarar” Doria e mostrar que o hospital está vazio, sem pacientes de covid-19. Os deputados criticam as medidas de isolamento social no Estado.

Adriana Borgo gravou toda ação enquanto caminhava pela ala ainda não ativada. “Não tem doente porcaria nenhuma”, disse no vídeo. “Não tem nem colchão”, afirmou, enquanto mostrava as estruturas das camas. A deputada criticou Doria pelas medidas de isolamento social e disse que tem “comerciante morrendo de fome” e prefeitos submetidos às ordens do governador, enquanto o hospital, segundo a parlamentar, não tem paciente. Uma funcionária disse à parlamentar que havia 220 pacientes naquele momento no hospital de campanha e que mais 20 eram aguardados.

Os deputados mostraram-se impacientes com os funcionários do hospital, que tentavam explicar as regras sanitárias para circular por um local com dezenas de pacientes com covid-19. Em um vídeo publicado no Facebook, Adriana Borgo aparece vestindo o equipamento de proteção individual, sem os cuidados necessários. Sem lavar as mãos, vestiu avental, touca, fez troça ao colocar os óculos de proteção, como se fossem um equipamento de mergulho, e afirmou: “Isso é frescura. A gente não tem medo disso”.

Apesar das críticas a Doria, o hospital é municipal e está sob cuidados da administração de Bruno Covas (PSDB).

Em nota, a prefeitura afirmou que os parlamentares e seus assessores invadiram o hospital “de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade”.

“Além da invasão e das atitudes violentas, os parlamentares filmaram as alas do hospital municipal de campanha do Anhembi que ainda não foram ativadas, mas que estão prontas para serem colocadas em funcionamento caso seja necessário. E também gravaram pacientes sem autorização prévia, muitos dos quais estavam sendo higienizados em seus leitos”, afirmou a prefeitura.

De acordo com o governo municipal, o hospital de campanha foi preparado para atender 1.800 mil pacientes, atualmente está com 397 pacientes na enfermaria, 10 em estabilização e, desde que entrou em funcionamento, já atendeu 3.700 mil paulistanos, dos quais 2.800 foram curados e tiveram alta. “A Prefeitura de São Paulo reitera total repúdio a atitudes violentas e ações deliberadas para tentar enganar a opinião pública”, afirmou a gestão municipal.

O Estado de São Paulo é o epicentro da crise sanitária no país e registrou nesta quinta-feira 123.482 casos, com 8.276 mortes. A capital, segundo dados da prefeitura, tem 73.213 casos confirmados e 4.722 óbitos.

Valor Econômico