Brasil tem recorde de mortes com isolamento caindo

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução/ Hojemais

O Brasil registrou um novo recorde diário de mortes, com 1.349 óbitos, além de 28.633 novos casos de coronavírus nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde. Ao todo, são 32.548 mortes e 584.016 casos confirmados no país até agora.

Na terça (2), o Brasil havia registrado 1.262 novos óbitos, e ultrapassado a marca tétrica de 30 mil óbitos desde o início da pandemia. Esse é o segundo dia consecutivo com recorde de mortes.

O Ministério da Saúde não comentou os novos números. Uma entrevista com a equipe técnica para apresentar um perfil epidemiológico da epidemia da Covid-19 no país estava marcada para a tarde desta quarta, mas acabou cancelada e adiada para quinta (4).

A divulgação dos dados também sofreu atrasos. Inicialmente marcada para 19h, só ocorreu às 22h.

Em nota, o ministério alegou problemas técnicos para a mudança de horário. Atrasos, porém, têm sido frequentes.

As mudanças na divulgação dos dados começaram ainda na gestão do ex-ministro Nelson Teich, e se intensificaram sob a gestão do ministro interino, o general Eduardo Pazuello.

Antes diárias, as coletivas de imprensa passaram a ocorrer em dias intercalados, e sem análise dos números atuais. A pasta também passou a destaque ao número de recuperados da Covid-19 em plataformas próprias, em detrimento do total de mortes.

Das 1.349 novas mortes confirmadas nesta quarta, 408 ocorreram nos últimos três dias, e o restante em dias anteriores. A distribuição por data não foi divulgada.

O total real de casos e mortes, porém, tende a ser ainda maior, devido a subnotificação e ocorrência de casos ainda à espera de análise.

Boletim do Ministério da Saúde aponta que o país soma 4.115 óbitos em investigação.

Análises recentes feitas pela equipe do Ministério da Saúde em boletins agora semanais apontam ainda que o país segue em tendência de aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus, sem que haja sinais de desaceleração da epidemia.

O diretor-executivo da OMS, Michael Ryan, afirmou nesta quarta (3) que a transmissão comunitária de coronavírus continua intensa no Brasil e que o país é um dos que preocupam a OMS, ao lado do Haiti, da Nicarágua e do Peru.

“Quando a transmissão comunitária se instala, é muito difícil interrompê-la. Exige várias intervenções em conjunto, coordenação entre todos os níveis de governo, comunicação clara, adesão da população e decisões baseadas em conhecimento científico”, disse ele.

Segundo a líder técnica da entidade, Maria van Kerkhove, a experiência de países que foram mais afetados pela pandemia (como Itália ou Espanha) mostra que, quando a transmissão está fora de controle, é preciso priorizar os locais onde há mais concentração de vírus circulando: aqueles em que há mais contato entre as pessoas.

Dados compilados pela Universidade John Hopkins (EUA) apontam que o país é hoje o segundo em número de registros da Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que soma quase 1,8 milhão de casos.

Em número de mortes, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking, atrás de EUA, Reino Unido e Itália –a qual deve em breve ser ultrapassada na lista, caso seja mantido esse ritmo de aumento por aqui.

Primeiro a ter casos confirmados, e alvo de medidas recentes para flexibilização do isolamento, São Paulo é ainda o estado com maior número de registros da Covid-19.

O estado registrou nesta quarta-feira 8.276 óbitos e 123.483 casos confirmados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. Entre as pessoas diagnosticadas com a Covid-19, 23 mil foram internadas, curadas e tiveram alta hospitalar.

Das 645 cidades do estado, houve pelo menos uma pessoa infectada em 537 municípios, sendo 274 com um ou mais óbitos.

Outros estados com maior número de registros são Rio de Janeiro (59.240 casos e 6.010 mortes), Ceará (56.056 casos e 3.605 mortes) e, agora, o Pará, que antes costumava ficar em 5o lugar na lista.

Ao todo, o estado soma 44.774 confirmados e 3.193 mortes. Em seguida, está o Amazonas (44.347 casos e 2.138 mortes).​

PRESIDENTE ERRA NOME DE MINISTRO INTERINO

Poucos minutos antes da divulgação do novo recorde de mortes, o presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter para contestar uma portaria apócrifa que circulou na internet sobre aborto e errou o nome do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, chamando-o de “Fernando Pazuello”.

Na postagem, Bolsonaro disse que o Ministério da Saúde está tentando identificar a autoria do documento, mas que a pasta “não apoia qualquer proposta que vise a legalização do aborto”.

“Outrossim, como já declarado em inúmeras oportunidades, o Presidente Jair Bolsonaro é contrário a essa prática”, escreveu, citando a frase como de autoria do ministro —mas trocando o nome do general à frente da Saúde.

A menção a questão do aborto foi a única referência a temas ligados à pasta da Saúde. Ele não comentou os novos números da epidemia da Covid-19.

Folha De S. Paulo