Chico Buarque assina manifesto pró chargista que Bolsonaro quer prender

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Foto: Reprodução

O cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda assinou o manifesto lançado por artistas, escritores, jornalistas e cientistas em solidariedade ao cartunista Renato Aroeira e ao jornalista Ricardo Noblat.

Na segunda (15), o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou que pedirá investigação contra a publicação de uma charge de Aoreira, publicada por Noblat, em que o presidente é associado ao nazismo.

O ministro da Justiça, André Mendonça, afirmou que levava em conta a Lei de Segurança Nacional, da ditadura militar, que prevê punições contra quem “caluniar ou difamar” o presidente da República.

“Ao dizer que um desenho de humor leva perigo à integridade do Estado, o ministro expressa um delírio fanático e alimenta as fantasias totalitárias dos criminosos que promovem ataques crescentes contra a democracia no Brasil”, diz o abaixo-assinado. “Não aceitamos mais delírios obscurantistas. Não aceitamos intimidações. Abaixo o autoritarismo”, segue o texto, que já tem a adesão de mais de 55 mil pessoas.

Na charge, Bolsonaro aparece carregando um balde e com um pincel nas mãos após pintar as pontas de uma cruz vermelha, símbolo de hospitais e ambulâncias, transformando-a em uma suástica, o símbolo do nazismo.

O desenho é uma referência à fala em que Bolsonaro incentiva a invasão de hospitais para que as pessoas mostrassem se os leitos estão ocupados.

“Tem um hospital de campanha perto de você, tem um hospital público, arranja uma maneira de entrar e filmar. Muita gente tá fazendo isso, mas mais gente tem que fazer, para mostrar se os leitos estão ocupados ou não, se os gastos são compatíveis ou não”, disse o presidente.

Leia a íntegra do manifesto em solidariedade a Aroeira e a Noblat:

“Nós, artistas, escritores, jornalistas, cientistas e professores, que não podemos viver e trabalhar sem democracia e liberdade, repudiamos frontalmente a declaração do Sr. Ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que ameaçou instaurar inquérito contra o grande artista gráfico Renato Aroeira.

O ministro viu ameaças à “segurança nacional” (sic) numa charge em que Aroeira ironiza as falas do Presidente da República incitando seus seguidores a invadirem e filmarem hospitais. Ao dizer que um desenho de humor leva perigo à integridade do Estado, o ministro expressa um delírio fanático e alimenta as fantasias totalitárias dos criminosos que promovem ataques crescentes contra a democracia no Brasil.

Não aceitamos mais delírios obscurantistas. Não aceitamos intimidações. Abaixo o autoritarismo.

E amparados no Artigo Quinto da Constituição Brasileira, dizemos “não” à censura, em solidariedade ao artista Renato Aroeira e ao jornalista Ricardo Noblat, que postou a charge em seu ‘Blog do Noblat’.

Folha