Emissários de Bolsonaro vão ao STF negar golpe

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Foto: Evaristo SA/AFP

Assessores do presidente Jair Bolsonaro que têm procurado, com a autorização do presidente, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para distensionar o ambiente têm como meta, além de diminuir a tensão por conta dos inquéritos que correm na corte, negar a ideia de que o governo apoiaria um golpe, uma ruptura institucional.

Declarações e atos recentes do núcleo familiar de Bolsonaro e de generais da reserva que ocupam cargos no governo, como os ministros do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, e da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, têm causado perplexidade no Judiciário e no Congresso. (Leia mais ao final da reportagem)

Na operação de bastidor para acalmar os ânimos do Supremo nos últimos dias, assessores do presidente garantem a ministros do Judiciário que não há risco de “golpe institucional” e que o presidente respeita a democracia.

Nas explicações a ministros do STF, eles alegam que existem “dois Bolsonaros”: o antes de ser presidente, “humano”, sem o cargo, e a figura do “presidente”, que responde a seus eleitores, sua base, e seria inflamado pela ala ideológica a dar munição nas redes sociais para seus apoiadores. Mas afirmam que, quem conhece Bolsonaro garante que ele “jamais“ daria um golpe, e que ele preza e respeita a Constituição.

A ala ideológica, argumentam, seria também a responsável pela pressão pela manutenção no cargo do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que sugeriu na reunião ministerial de 22 de abril a prisão dos ministros do Supremo.

Uma ala do governo defende a saída de Weintraub, assim como querem o Congresso e ministros do STF. No entanto, a decisão esbarra no desejo dos filhos do presidente, apoiadores incondicionais do ministro. Nas palavras de um general, se o presidente quiser demitir Weintraub, terá de convencer os filhos.

Bolsonaro tem participado de manifestações que pedem o fechamento do STF e do Congresso. Ele também chegou a dizer que ações como a operação autorizada pelo STF que mirou seus apoiadores nas redes sociais, alvos do inquérito das fake news, seriam as últimas.

Já o ministro do GSI disse recentemente que haveria “consequências imprevisíveis” se o celular do presidente fosse apreendido por uma decisão judicial. A nota de Heleno foi chancelada pelo ministro da Defesa, chefe das Forças Armadas, que, por sua vez, compareceu ao ato antidemocrático organizado em Brasília, no último domingo.

O deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos de Bolsonaro, disse na semana passada que uma ruptura é questão de “quando“, não de “se”. E completou dizendo que o pai poderia tomar medidas enérgicas.

G1