Esvaziado, Brasil 200 defende Bolsonaro

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Foto: Reprodução/ O Globo

Em entrevista ao GLOBO, Gabriel Kanner, presidente do Instituto Brasil 200, que reúne empresários de direita, afirma que nunca houve impulsionamento de informações falsas e ataques a autoridades da República, por parte do grupo, e que o inquérito das fake news é “complexo”. Kanner aposta na agenda de reformas para superar a crise econômica provocada pelo novo coronavírus e defende a volta à normalidade tomando as medidas necessárias de precaução. Para ele, não há possibilidade fiscal para prorrogar o auxílio emergencial. Sobre o governo, ele afirma que o presidente Jair Bolsonaro segue focado nos valores que o elegeram e defende que o cenário político precisa ser “amenizado”, uma vez que os poderes estão “esticando muito a corda”.

Como o senhor viu o fato de o empresário Edgard Corona ter pedido recursos para financiar mensagens contra Rodrigo Maia em um grupo de Whatsapp do Brasil 200, fato que passou a ser investigado pelo STF no inquérito sobre as fake news?

Este grupo de Whatsapp nem existe mais, era um grupo com cerca de 30 empresários e o Corona mandou a mensagem em um contexto em que estávamos discutindo a reforma tributária. Nunca houve nenhum tipo de impulsionamento com ataques a qualquer pessoa ou instituição, nunca impulsionamos nenhuma informação falsa. Tudo é muito complexo, a forma como este inquérito está sendo conduzido. A gente está tranquilo com o que aconteceu, nunca tivemos uma atuação neste sentido, de investir dinheiro para denegrir a imagem de ninguém.

Como você está avaliando o governo?

Obviamente a gente está passando por um período muito difícil, o governo estava fazendo tudo o que havia prometido na campanha, implementando uma agenda liberal, de reformas. A reforma da previdência e trabalhista já haviam sido aprovadas e a reforma tributária estava em discussão. Obviamente a crise é muito grave, o governo atuou fazendo o que pode, criando o auxílio emergencial, um pacote para ajudar durante esta crise e agora vai ter que retomar rapidamente a agenda de reformas. Acredito que o caminho pra gente sair da crise vai ser colocar em pauta novamente a reforma administrativa e a reforma tributária. De forma geral vejo um governo focado nos valores que o elegeram, a gente viu isso de forma muito clara no vídeo da reunião ministerial que foi divulgado, vimos o presidente Bolsonaro defendendo ferrenhamente exatamente os mesmos valores que ele defendia desde a campanha e isso acabou fortalecendo muito a base eleitoral dele, pois ele se mostrou exatamente a mesma pessoa em uma reunião às portas fechadas. E são estes valores que a gente defende. Economia de mercado e valores conservadores.

Como vê agora a política do governo hoje?

O cenário político precisa ser amenizado, todos os poderes estão esticando muito a corda, a gente viu o Congresso atuando desta forma, quando veio o plano Mansuetto, de socorro aos estados, e acabou sendo transformado em uma bomba fiscal para o governo, tivemos estes casos de desvio de dinheiro e compras superfaturadas na pandemia, disputa de governadores e prefeitos com o presidente, e essa disputa com o Supremo Tribunal federal, todos os poderes estão esticando muito a corda e o presidente acabou se sentindo acuado neste tiroteio. Acho que todo mundo tem que amenizar um pouco a situação, o presidente sinalizou agora uma tentativa de aproximação do ministro Alexandre de Moraes, para acalmar um pouco as coisas, e acredito que isso precisa ser feito com os outros poderes também. A gente vê muitas pessoas tentando minar o poder do presidente de governar e isso acaba criando todo tipo de tensão, que é muito ruim para o país ainda mais em um momento como este. Acredito que os ânimos estão muito acirrados nesta disputa política e a gente deveria se acalmar. Como disse o Paulo Guedes: estamos todos no mesmo barco, precisamos chegar no porto, depois a gente pode brigar, sai na porrada, faz o que quiser, mas por enquanto, neste momento, a gente precisa do mínimo de união e de respeito para atravessar esta crise.

O Globo