Ex-mulher de Wassef lhe pagou R$ 2,9 mi por brejo

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Foto: Silvia Zamboni / Valor

O advogado Frederick Wassef, ex-representante do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Justiça, vendeu um terreno em área de brejo à empresa de sua ex-mulher, Maria Cristina Boner Léo, a TBA. O imóvel, em Atibaia (SP), foi vendido por ele e seu irmão em 2010 por R$ 2,9 milhões, o equivalente hoje a R$ 5,2 milhões.

ÉPOCA conversou com corretores da cidade familiarizados com a região. Eles disseram que o terreno praticamente não tem valor comercial, já que fica em uma região de brejo em frente ao rio Atibaia, onde há alagamentos constantes. Para construir casas lá, seria preciso instalar uma tubulação de água e aumentar o nível do solo, entre outros investimentos de alto custo.

Procurada, a TBA, que hoje se chama Globalweb, disse que “o terreno foi um negócio realizado pela empresa em 2010 para construção de um prédio comercial, mas que não foi executado. O terreno está agora em processo de transferência para quitação de um empréstimo bancário.”

O terreno foi doado em 1996 pelos pais de Wassef, o comerciante Fayez Wassef e a advogada Josephina Wassef, a seus filhos. O valor estimado na época era de R$ 100 mil, segundo o registro em cartório. A região do terreno não teria sofrido valorização que justificasse o aumento de preço, segundo os corretores da cidade.

De acordo com levantamento feito por ÉPOCA em cartórios paulistas, o advogado tem hoje seis imóveis registrados no valor total de R$ 1 milhão em valores corrigidos. A parte que Wassef recebeu em 2010 pela venda do lote equivalia, na época, a 140% do seu patrimônio imobiliário registrado nos cartórios paulistas pesquisados pela revista.

A Globalweb presta serviços na área de tecnologia da informação. Conforme revelou o UOL no último domingo, a empresa recebeu mais de R$ 41 milhões em contratos com pelo menos nove órgãos do governo Bolsonaro desde o início de 2019, valor equivalente ao que vinha recebendo em gestões anteriores.

A empresária Maria Cristina Boner, hoje afastada da gestão da Globalweb, tem um longo histórico de acusações na Justiça. Em 2009, foi flagrada na Operação Caixa de Pandora no Distrito Federal — sua empresa teria patrocinado o mensalão do DEM em troca de contratos na área de informática. Na Lava-Jato, a B2BR, outra empresa sua, é suspeita de ter feito pagamentos às empresas de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.

Em 2019, Maria Cristina foi condenada pela Fazenda Pública por improbidade administrativa. Ela também responde a um processo criminal no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. O Ministério Público pediu que a empresária seja condenada a 15 anos de prisão por 168 acusações por corrupção ativa, além de pagar R$ 43 milhões de reparação aos cofres públicos.

ÉPOCA entrou em contato com Frederick Wassef e perguntou qual a justificativa para o preço registrado na venda deste imóvel em Atibaia à empresa de sua ex-mulher, dada a condição desfavorável do terreno. Ele não respondeu até a publicação desta reportagem.

Época