MEC lidera pagamentos a ex-mulher de Wassef

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Foto: Reprodução

O MEC (Ministério da Educação), pasta comandada por Abraham Weintraub até a semana passada, liderou os pagamentos do governo federal feitos à empresa ligada à sócia e ex-mulher de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Desde o início da gestão Bolsonaro, o governo repassou à Globalweb Outsourcing, empresa fundada por Cristina Boner e administrada por uma filha dela, cerca de R$ 12 milhões. É o que mostra levantamento do UOL no Diário Oficial, portal da Transparência, sites do governo e da Receita Federal.

Além disso, desde o ano passado, o MEC assinou novos contratos com a empresa que somam R$ 16,1 milhões até fevereiro de 2021.

A conta chega a R$ 24 milhões, quando são incluídos os contratos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas) e do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), que recentemente recebeu diretores indicados pelo chamado centrão do Congresso.

O subsecretário de assuntos administrativos do ministério, José Eduardo Couto Ribeiro, disse que não poderia comentar as compras do Inep e do FNDE, mas afirmou que os negócios foram feitos a partir de decisões técnicas do setor de informática, serviço prestado pela empresa.

Uma dessas decisões, segundo o servidor, foi fazer um aditivo em contrato da Globalweb, sem que houvesse nova licitação. Segundo ele, “a área administrativa não sofria nenhum tipo de intervenção do ministro [Weintraub]”.

Como mostrou o UOL no último domingo, ao todo, Globalweb obteve R$ 239 milhões em contratos da gestão Bolsonaro, sendo R$ 53 milhões em novos negócios e R$ 185 milhões em aditivos (veja lista abaixo).

Os valores pagos à Globalweb em menos de um ano e meio da gestão Bolsonaro, R$ 41 milhões, já chegam aos desembolsados à empresa nos quatro anos de gestão compartilhada por Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), R$ 42 milhões.

Em quantidade de novos contratos com a Globalweb, a Telebrás está em primeiro lugar entre os órgãos e pastas da administração federal, com R$ 125 milhões, seguida do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do próprio MEC.

A Telebrás renovou, em janeiro deste ano, um contrato que mantinha com a empresa desde 2017, no governo de Temer.

O preço ficou em R$ 122,2 milhões, superior aos R$ 116 milhões do contrato anterior. O serviço prestado é a operação do Centro Integrado de Gerência de Rede da estatal em Brasília.

Já um novo contrato para a “ampliação da maturidade de ambiente computacional envolvendo a implantação e operação central de suporte” foi assinado em janeiro de 2019, por R$ 3,5 milhões. A assessoria da estatal não prestou esclarecimentos à reportagem.

O Ministério Público no TCU (Tribunal de Contas da União) pediu anteontem uma auditoria para apurar se houve tráfico de influência na escolha da empresa.

Frederick e Cristina negam que o aumento no volume de pagamentos e as contratações tenham ocorrido por eventual interferência política. Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi preso na casa de Wassef, na semana passada.

“Qualquer referência a eventual favorecimento indevido do atual governo à Globalweb é, portanto, indevida, precipitada e lesiva à sua imagem e à sua atuação comercial”, afirmou a empresa. O Palácio do Planalto não se manifestou.

Cristina foi condenada pela 2ª Vara de Fazenda Pública do Distrito Federal a não mais contratar com o poder público, mas recorreu da decisão. A decisão foi no âmbito da denúncia do “mensalão do DEM”, ou “caixa de Pandora”.

Pagamentos recebidos pela Globalweb no governo Bolsonaro

Ministério da Educação – R$ 12.639.456,71
Ministério da Saúde – R$ 9.301.497,46
Ministério da Ciência e Tecnologia – R$ 4.875.520,96
Ministério de Minas e Energia – R$ 4.810.627,28
Ministério da Economia – R$ 4.772.615,07
Ministério da Infraestrutura – R$ 4.581.474,23
Ministério da Cidadania – R$ 481.213,51
Ministério do Turismo – R$ 225.348,94
Total – R$ 41.687.754,16
*Inclui órgãos subordinados. Período: janeiro de 2019 a 17 de junho de 2020

Contratos fechados pela Globalweb no governo Bolsonaro

Telebrás* – assinado em jan.2020, com validade ignorada – R$ 122.239.391,85
Telebrás – jan.19, até jul.21 – R$ 3.508.018,80
BNDES – set.19, até mar.22 – R$ 16.999.984,11
MEC – fev.20, até fev.21 – R$ 8.716.155,16
MEC* – fev.20, até fev.21 – R$ 7.458.381,72
Inep* – set.19, até set.20 – R$ 4.093.093,43
FNDE – dez.19, até dez.20 – R$ 3.905.281,92
Caixa* – dez.19, até dez.20 – R$ 11.988.885,60
Anac – out.19, até out.21 – R$ 7.873.360,80
Anac* – set.19, até out.20 – R$ 3.511.280,49
Infraero – fev.20, até ago.22** – R$ 10.189.549,20
ANS* – jan.20, até jan.21 – R$ 7.994.146,56
Receita Federal* – jan.20, fev.21 – R$ 3.946.748,70
ANP* – nov.19, até nov.20 – R$ 3.799.998,00
Aneel* – out.19, até jun.21 – R$ 18.750.000,00
Sudeco – out.19, até out.20 – R$ 781.200,00
Iphan – fev.2019, até fev.20 – R$ 1.589.996,96
Iphan – jan.19, até fev.20 – R$ 265.486,80
Iphan* – fev.20, até fev.21 – R$ 1.589.996,96
Contratos novos – R$ 53.829.033,75
Aditivos a contratos – R$ 185.371.923,31
Total – R$ 239.200.957,06

*Contratos aditivados pela gestão Bolsonaro, mas assinados originalmente em outros governos
**Contrato valerá por 30 meses após assinatura. Período dos contratos: janeiro de 2019 a 09 de março de 2020
Fontes: Diário Oficial e Portal da Transparência

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