Ministério da Comunicação pode ser oferta de paz de Bolsonaro

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Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

A recriação do Ministério das Comunicações e sobretudo a indicação como titular do deputado federal Fábio Faria (PSD-RN), nome que já vinha sendo especulado para a área nos últimos dois meses, foram recebidas como um gesto de paz no setor de radiodifusão.

Embora seja genro de Silvio Santos, dono do SBT, o parlamentar tem relacionamento de longa data com as demais redes, inclusive Globo, e junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), em nota assinada pelo presidente da entidade, Paulo Tonet Camargo, também vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, afirmou que a recriação “é compatível com a importância da radiodifusão brasileira e dará maior dinamismo aos temas relativos ao setor”.

O novo ministro vai comandar não só as concessões de radiodifusão, instrumento tradicional de poder do governo federal junto aos congressistas, mas também —e pela primeira vez— a distribuição de verbas federais de publicidade.

A indicação de Fábio Wajngarten como secretário-executivo do novo Minicom não é sinal de que a atual política de propaganda vá se manter, pelo que foi apurado.

Pelo contrário, a saída dele do Palácio do Planalto mostraria um esforço de distanciar o presidente dos questionamentos apontados na quarta-feira (10) pelo TCU (Tribunal de Contas da União), sobre irregularidades na distribuição.

Faria, de sua parte, não aceitaria se expor ao processo já em andamento no TCU e buscaria retornar a distribuição de verbas à normalidade, independente de Wajngarten.

Embora relativamente jovem, perto de completar 43 anos, ele é considerado um político experiente, tendo chegado à Câmara há quase 14 anos. O fato de ser ligado ao ex-ministro Gilberto Kassab (PSD), que comandou o setor sob Michel Temer (MDB), também contaria a seu favor.

Do ponto de vista das empresas de telecomunicação, a mudança teria pouco impacto. As principais decisões do setor, envolvendo a tecnologia 5G, que as teles buscam adiar, pelo investimento elevado neste momento, e a aprovação da fusão de AT&T-Warner Media já estão na Anatel.

A Agência Nacional de Telecomunicações, que também passa a ser formalmente vinculada ao novo Minicom, é órgão à parte, com mandatos independentes da burocracia ministerial.

Folha