Orgulho do Brasil cai de 76% para 67%, diz Datafolha

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Foto: Marcelo Justo – 27.jun.18/Folhapress

Pesquisa do Datafolha mostra que dois terços dos brasileiros têm orgulho do país, mas ao mesmo tempo se mostram pessimistas e desanimados quando instados a expressar os sentimentos que ele provoca.

O levantamento ouviu 2.069 pessoas por telefone, para evitar contato pessoal durante a pandemia, nos dias 25 e 26. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Para 67% dos entrevistados, o país é mais motivos de orgulho do que de vergonha. Esse número era maior na mais recente aferição do dado pelo instituto, em dezembro de 2019: 76%.

É a primeira queda abrupta desde que o índice de orgulhosos subiu, a partir do menor índice na série histórica, iniciada em 2000. Ele havia sido registrado em junho de 2017, quando houve empate entre vergonha e orgulho, no auge da crise do governo Michel Temer (MDB).

Da mesma forma, aumentou o número daqueles que se sentem mais envergonhados do que orgulhosos, de 22% para 29%.

Foram feitas várias perguntas acerca do sentimento que o Brasil provoca nas pessoas, e aí o quadro é menos róseo. O retrato é de um país triste, desanimado e com medo do futuro, embora ao mesmo tempo se diga mais tranquilo.

Estão tristes com o Brasil 63% dos ouvidos, enquanto 34% se dizem felizes. Por outro lado, dizem ter raiva ao pensar no país 42%, enquanto 52% afirmam estar tranquilos —uma inversão em relação à pesquisa de julha de 2019.

Declaram-se desanimados 59%, ante 39% que dizem o contrário. Têm medo sobre o futuro da nação 57%, e 41% dizem confiar nele. Para 69%, o sentimento de insegurança se sobrepõe ao de segurança (30%) ao pensar no Brasil.

Os entrevistados se dividem quando questionados se têm mais medo ou esperança: 53% adotam o tom positivo e 46%, o negativo.

Chama a atenção a preponderância de sentimentos negativos associadas à nação entre mulheres e jovens de 16 a 24 anos.

Esses grupos lideram os índices daqueles que se dizem mais desanimados, com medo do futuro, infelizes, inseguros e sem esperança. Apenas no quesito da raiva que o Brasil faz a pessoa passar os mais bravos são os mais ricos (acima de 10 salários mínimos, 48%) e instruídos (com curso superior, 50%).

Há relativa homogeneidade regional nos quesitos levantados, com a exceção mais evidente acerca do humor no Sudeste, a região mais populosa do país, que concentra os principais centros urbanos. Ali, aqueles que têm raiva ao pensar no Brasil empatam em 47% com os que se sentem mais tranquilos.

O Nordeste, uma fortaleza de má avaliação do governo Jair Bolsonaro, desponta como a região com maior orgulho do país, 73%.

Empresários são, de longe, os mais otimistas quando o corte é a ocupação. Nada menos que 80% dizem sentir orgulho do país, além de estarem esperançosos (72%), tranquilos (66%), animados (62%), confiantes no futuro (62%) e seguros (45%).

Como seria algo previsível, a empolgação opõe aqueles que consideram o governo Bolsonaro bom ou ótimo e os que o julgam ruim ou péssimo. Dos primeiros, 80% se dizem orgulhosos do Brasil, enquanto no segundo grupo 44% se dizem com vergonha.

O mesmo se repete, de forma espelhada, em todos os quesitos de sentimentos: enquanto 75% dos que aprovam Bolsonaro se dizem tranquilos, 64% dos que o rejeitam estão com raiva do Brasil, e assim por diante.

A pandemia do novo coronavírus impacta de forma diferente as percepções do brasileiro. Quando se cruzam as respostas com o fato do entrevistado ter tido Covid-19 ou conhecido algum doente, não há mudanças ante os índices gerais aferidos.

Já quando o cruzamento é com o grau de adesão ao isolamento social, principal medida para o combate à disseminação do vírus, fica claro que ignorar riscos traz uma medida de conforto psíquico. Quão mais normalmente vive o entrevistado, menos sentimentos negativos ele exprime.

No sentido contrário, quão mais isolado, mais angustiados são os sentimentos expressos de medo, tristeza e insegurança com o país.

Folha De S. Paulo