Pazuello diz que ocultar mortes é “transparência”

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Foto: Agência Brasil

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, falou nesta segunda-feira (9/6), em reunião ministerial, sobre a transparência de dados relativos à covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Os dados precisam ser completos e sem nenhum tipo de dificuldade de acesso”, disse.

As explicações de Pazuello acontecem após ações do ministério que reduziram acesso aos dados e foram alvo de grande polêmica desde a semana passada.

Depois de toda a repercussão negativa, o ministro Pazuello disse nesta terça que havia falado com o presidente Jair Bolsonaro há 20 dias sobre uma mudança na modelagem dos dados e que está trabalhando nisso desde estão.

“É claro que todas as somatórias estão disponíveis”, alegando que a ferramenta interativa não é simples de montar. No painel da covid-19, no site do ministério, no entanto, continua sem a somatória de casos, de óbitos, e as evoluções diárias da doença.

O ministro interino disse que, ao propor as alterações ao presidente, estava com dúvida sobre subnotificações. “Estávamos buscando o número verdadeiro para evitar a subnotificação. Nunca falamos em hiper notificação. Nosso medo é que estivesse havendo subnotificação. e isso nós buscamos, trabalhamos, para ter os dados reais. Todo o restante é apenas discussão, interpretação, mídia”, alega.

A pasta retirou o painel da covid-19 do ar na sexta-feira (5/6) à noite, e retornaram no sábado (6/6), mas sem uma série de dados, como o total de mortos e de casos de covid-19, além dos gráficos com a evolução diária de casos e mortes, desde os primeiros registros.

Antes disso, haviam mudado o horário de divulgação do boletim diário, divulgado desde o início da pandemia, para não passar nos telejornais, conforme o Correio mostrou na semana passada.

A tabela era divulgada a jornalistas do ministério até as 17 horas, depois passou às 19h e, na semana passada, para as 22 horas. Nas redes sociais, o órgão parou de publicá-las.

Desde as mudanças do órgão, entidades começaram a se manifestar e atuar no sentido de fazer uma contagem e divulgação por conta própria – como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e jornais brasileiros que se uniram para dar transparência aos dados.

Ainda no domingo, o ministério informou que estava trabalhando em uma plataforma interativa. Na última segunda, anunciaram que plataforma será lançada nesta terça.

No domingo, o MS informou outra mudança, de que passaria a divulgar os dados de óbitos e de casos com base na data de ocorrência, e não a de registro. Ou seja, se uma pessoa morreu há cinco dias, mas a confirmação para covid-19 é feita hoje, ela não entrará no número de mortos divulgados no dia de hoje.

Assim, o número de mortes registradas nas últimas 24 horas – como era contabilizado desde o começo da pandemia – irá reduzir, pois trará apenas as mortes do dia.

O ministro interino afirmou que a intenção é compreender a subida e descida do número de casos, para que os gestores municipais e estaduais observem reflexos das ações. “Se nós lançarmos no dia da morte, nós temos a curva exata e permite uma gestão mais efetiva”, disse.

O ministro mostrou que a plataforma irá separar os dados por estados, regiões metropolitanas e interiores. “É importante compreender como é importante nós termos os dados completos. É importante compreender a responsabilidade do Ministério da Saúde em colocar dados que você observa e sabe que eles não estão completos”, disse, se referindo ao antigo painel e ao boletim diário divulgado em forma de tabela. “Estamos trabalhando para mostrar 100% dos dados”, disse, dizendo que os dados serão disponibilizados assim que chegarem ao MS.

Na noite dessa segunda-feira (8/6), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que o MS volte a informar os dados acumulados da pandemia. Na sexta-feira (5/6), o Ministério Público Federal (MPF) instaurou um procedimento para apurar a exclusão dos dados de total de mortos por covid-19 do painel do MS

Correio Braziliense