Polícia prende líder de milícia candidato a delação

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Foto: Hermes de Paula / Agência O Globo

Antes das 6h desta terça-feira, Leonardo Gouvea da Silva, o Mad, foi surpreendido ao ser acordado com a polícia na varanda de sua casa de duas andares na Vila Valqueire, na Zona Norte do Rio. Ao som da ordem “abra! É a polícia. Abra! É a polícia.”, o homem — apontado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público como substituto do ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano Magalhães da Nóbrega, à frente de um grupo de pistoleiros — deixou o aconchego da cama com um cobertor de estampa de zebra, ainda vestindo somente uma cueca, para abrir a cortina e a porta de vidro. Instantes depois os policiais entraram no imóvel pela porta da frente, adornada com um olho grego – amuleto de proteção que promete afastar a inveja e as energias negativas — e com uma coruja, símbolo de inteligência e sabedoria.

Mad é o principal alvo da operação deflagrada Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o principal grupo de matadores de aluguel do Rio, suspeito das mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Ao ser surpreendido pelos agentes e pelo delegado titular da Delegacia de Homicídios, Daniel Rosa, e a coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Simone Sibilio, Mad questionou se a equipe tinha um mandado de busca e apreensão.

— Tudo aqui é dentro da lei — disse Rosa, mostrando os documentos.

Antes do início das buscas, Mad ficou sentado na varando por cerca de três minutos. Só então foi chamado de volta ao quarto para que o cômodo pudesse ser revistado. Nos armários, a coordenadora do Gaeco olhava com atenção cada uma das blusas. Na época do assassinato do empresário Marcelo Diotti da Mata, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, em 14 de março de 2018, as investigações, de acordo com o MP e a polícia, teriam chegado a Mad e seu grupo por meio de imagens de câmeras de segurança no estacionamento do restaurante onde o crime aconteceu. Simone Sibilio parecia procurar por uma blusa especificamente. No quarto também foram apreendidos aparelhos de celular.

Um dos momentos tensos foi o pedido de Mad para ir ao banheiro. Ele foi algemado e um policial o acompanhou ao cômodo, na suíte em que dormia. Antes de autorizar, o delegado Rosa o alertou:

— Você não vai fazer gracinha. Estamos te respeitando.

Depois, ele se vestiu com uma blusa escolhida e entregue por Simone Sibilio.

As buscas continuaram na residência e duraram cerca de 1 hora e 30 minutos. A casa amarela, num condomínio em Vila Valqueire, fica acima de uma ladeira de cerca de 400 metros, o que proporciona uma vista privilegiada da Zona Norte. O imóvel, de classe média, se destaca no endereço por ser um dos mais cuidados e amplos. Há piscina e área de churrasqueira com televisão e mesa de seis lugares. Um cachorro de pequeno porte vive com o casal. O carro de Mad estava estacionado na rua do condomínio, em frente à casa. A esposa dele acompanhou a coordenadora do Gaeco para as buscas no veículo.

Por volta das 7h25, Mad deixou seu endereço num carro da polícia com destino à Delegacia de Homicídios.

 

O Globo