Prisão de Queiroz afeta mercado financeiro

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Foto: Reprodução

Desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro, já é esperado acessar as primeiras notícias do dia e se deparar com uma bomba. A de hoje foi a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do gabinete de Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente. Queiroz está sendo investigado por um suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Diferentemente de outras explosões no governo, porém, a de hoje não teve impacto significativo na bolsa de valores de São Paulo e no dólar.

O Ibovespa operava em alta, de 1,36% para 96.832 pontos às 12h15, repercutindo o otimismo do exterior. O corte de 0,75% na Selic ontem, de 3% para 2,25% ao ano, também impactou positivamente a bolsa de valores, porque ela passou a atrair mais investimentos de risco uma vez que o retorno da renda fixa caiu. Nesse horário, o dólar operava em alta de 1,44%, a 5,3367 reais. O principal motivo dessa alta é o corte na taxa de juros, já que uma Selic mais baixa diminui a entrada de investimentos estrangeiros no país. A cotação também sofre, porém, influência do risco político no Brasil. “Os juros para 2027, subiram de ontem para hoje, alcançando uma taxa de 6,69% ao ano. Esse índice reflete o risco político do país, que depende na política fiscal do governo”, diz Henrique Estetes, analista da Guide Investimentos.

As oscilações de hoje são bem menos agudas que as ocorridas em outras crises políticas do país. Na queda do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, a bolsa que subia 8% passou a subir apenas 4%. Já na saída do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ela beirou um circuit breaker: caiu 9,2% e se recuperou para aproximadamente 5%. Nas crises do governo Dilma Roussef, a instabilidade foi imensa: no dia 23 de setembro de 2015, em uma escalada forte na tensão pré-processo de impeachment, o dólar alcançou uma máxima de 4,17 reais e bolsa foi para 45.340 pontos.

Especialistas avaliam que, apesar das instabilidades políticas do governo Bolsonaro, elas são muito diferentes das petistas, principalmente por causa do nome que ocupa a cadeira do Ministério da Economia. A perspectiva de aprovação de reformas seria um dos principais responsáveis pela estabilidade da bolsa. “A prisão do Fabrício Queiroz contribui para uma desestabilização política, mas o mercado é muito favorável à política econômica do ministro Paulo Guedes”, diz Tharcisio Bierrenbach, consultor em cenários econômicos e finanças e ex-diretor do MBA da Faap. “Tem uma série de coisas que precisam ser feitas e estão paralisadas, como a reforma administrativa e tributária. Ao mesmo tempo, o déficit público está aumentando com a pandemia”, diz Thar Nesse sentido, teria contribuído as declarações do ministro ontem, insistindo na importância da reforma tributária em uma live do Instituto de Garantias Penais (IGP).

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