Protestos antirracistas estão mudando os EUA

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Foto: Bryan R. Smith/AFP

Uma pesquisa da Monmouth University, em Nova Jersey, divulgada nesta sexta-feira, 5, mostrou que a maior parte da população dos Estados Unidos apoia as manifestações contra o racismo e o assassinato de George Floyd, afrodescendente morto após ter sido asfixiado pela polícia em maio no estrado de Minnesota. Segundo a sondagem, mais da metade dos americanos estão de acordo com os protestos, mesmo que ações, como pilhagens e saques, não sejam justificadas.

A universidade conduziu a pesquisa, que tem margem de erro de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos, entre os dias 28 de maio e 1 de junho, ouviu 807 pessoas por telefone, e chegou ao resultado de que a maioria dos entrevistados – 57% – diz acreditar que a policia é mais suscetível a abusar da força quando o suspeito é afrodescendente, contra 33% que acreditam que a polícia trataria da mesma forma um suspeito independentemente da cor na mesma situação.

A pesquisa da Monmouth também mostra que 76% dos entrevistados – entre eles, 71% de pessoas brancas – classificaram o racismo e a discriminação como “um grande problema” nos Estados Unidos. Segundo o jornal The New York Times, a cifra é maior em 26% do que era em 2015, quando apenas 44% da população concordava que o racismo era um grande problema no país.

Os resultados da pesquisa mostram um aumento, principalmente entre a população branca, da percepção sobre o racismo na sociedade americana. Para pôr em perspectiva, em 2009, quando o ex-presidente Barack Obama se elegeu, apenas 36% dos americanos brancos disseram que o país precisava assegurar que os negros tivessem acesso a direitos iguais, segundo uma pesquisa daquele ano da Pew Reasearch Center. Em 2017, quatro anos após o início do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em português) e no mesmo ano em que ocorreu as marchas de supremacistas brancos em Charlotsville, esse número saltou para 54%.

A pressão da sociedade nas últimas duas semanas fez com que políticos começassem a repensar a atuação da polícia. O governador de Minnesota, o democrata Tim Walz, iniciou uma investigação sobre o histórico de práticas racistas da polícia nos últimos 10 anos e prometeu trabalhar para que não haja mais tais práticas na corporação. Enquanto o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, prometeu que, se eleito, irá criar imediatamente uma comissão nacional de supervisão da polícia.

Deputados democratas também iniciaram um movimento para apresentar na próxima semana um projeto para revisar as práticas policiais no país. Os republicanos, no entanto, ainda não mostraram uma resposta às demandas dos manifestantes, enquanto tentam se beneficiar ao apontar pilhagens, saques e outros episódios de violência isolados que ocorreram nos protestos.

A maioria das manifestações, no entanto, foi de caráter pacífico. Mas por conta de pequenos grupos que se usaram da violência, cidades decretaram toques de recolher. De quinta-feira para esta sexta, episódios de abuso de força da polícia foram filmados e publicados na internet. Entre eles, um idoso foi empurrado por um agente e sofreu uma lesão grave na cabeça após ter caído no chão.

A polícia do estado de Nova York, anunciou nesta sexta que os policiais envolvidos foram afastados e pediu desculpas pelo abuso da polícia, mas ao mesmo tempo pediu que a violência contra os agentes também cessasse. Numa mesma noite, três policiais foram feridos – dois levaram tiros nas mãos durante tiroteios e um foi alvo de uma facada no pescoço. Pelo Twitter, o governador Andrew Cuomo afirmou que o papel das forças de segurança era o de valer a lei, e não de abusá-las.

A pesquisa da Monmouth University também trás a aprovação ao governo do presidente, Donald Trump, que está em 42%. Cinquenta e quatro porcento das pessoas notaram que a discussão racial sob a Presidência do republicano piorou desde 2017. E, pela primeira vez, 70% dos entrevistados acreditam que o país está no mal caminho.

A resposta de Trump vem sendo generalizar os protestos como tomados por violência e comemorar as centenas de pessoas presas pela Guarda Nacional, além de ameaçar os manifestantes com o uso do Exército, apesar do Pentágono ter descartado essa opção. Na segunda-feira 1, o presidente ordenou que o protesto pacífico em frente à Casa Branca fosse dispersado com gás lacrimogênio para que ele pudesse ir andando até uma igreja e posar para uma foto.

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