Vida vai voltando ao normal na França

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Foto: Michel Euler/AP

O dia começou cedo nesta terça-feira (2) ou mesmo na véspera para os donos e empregados de bares e restaurante em Paris. É a nova fase do relaxamento da quarentena, a aguardada reabertura desses locais tão importantes para a vida social do parisiense. A RFI foi conferir alguns estabelecimentos e falar com os frequentadores.

A reabertura de cafés e restaurantes na capital é restrita, pois Paris, que fica na área mais populosa da França, está em zona laranja, onde a incidência do coronavírus ainda é preocupante. Apenas os estabelecimentos que possuem áreas ao ar livre vão poder abrir, muitos inclusive com permissão para ocupar mais espaço na calçada, respeitando a distância mínima de um metro entre as mesas.

Além disso, o máximo permitido numa mesa será de dez pessoas. Todos os funcionários deverão usar máscaras. Os cardápios são em tabletes ou apresentados oralmente. Nada de menus plastificados.

Caroline e Dominique são velhas amigas, se conhecem há 30 anos e já moraram no mesmo andar de um prédio durante 20 anos. “Estamos contentes, pois é nosso costume tomar um café ao sol, geralmente nesta mesa, que é a nossa”, ri Dominique. “Isto me fez mais falta que ir a um restaurante”, completa Caroline.

No restaurante Chez Julien, quase à beira do Sena, a preparação começou na véspera, conta o diretor do bar do estabelecimento, David Deplanque. “Vamos colocar 30 mesas na lateral do restaurante, para até 80 clientes, mais oito na frente e doze na outra lateral”, explica. “O telefone já está tocando desde ontem, temos muitas reservas até o final de semana, as pessoas querem sair de casa”.

A especialidade da casa são pratos com trufas. “Aqui tudo é fresco, não tem nada congelado e o cardápio muda com as estações”, diz o responsável.

Ainda pela manhã, os colegas Eric, Salim e Momo estavam sentados numa mesa do tradicional restaurante Le Dalou, na Praça de la Nation. “Trabalho no metrô há mais 30 anos, eu tomo meu café aqui toda manhã, me fez falta nesses últimos dois meses e meio”, diz Eric.

“Gosto muito de relaxar um pouco aqui, eles reformaram a praça na frente, virou um parque bonito”, acrescenta Momo. “Eu estou há cinco anos no metrô, era muito triste começar o trabalho sem um cafezinho aqui”, completa Salim.

No famoso bairro do Marais, Richard Brun supervisionava os preparativos de seus três restaurantes, todos numa rua sem saída, a rue du Trésor (rua do Tesouro). Os três estabelecimentos têm uma cozinha subterrânea comum, de 400m². “Vamos abrir na quarta-feira (3), estamos aguardando a permissão da prefeitura para colocar as mesas na rua, o que não deve ser um problema, pois não há circulação de carros”, explica o dono.

“Há muita preparação para se fazer, nosso protocolo sanitário é muito extenso, expliquei aos funcionários sobre as normas de segurança a adotar, hoje vamos receber as mercadorias, tudo é fresco”, acrescenta o proprietário.

“É um prazer poder se sentar, ler, é a felicidade em Paris, adoro isso. Foi uma quarentena muito longa e é bom estar aqui”, diz um parisiense instalado numa mesa de calçada.

Algumas mesas atrás, um outro freguês aproveita o café para adiantar o trabalho diante de um laptop. “Não sou de Paris, cheguei um pouco mais cedo justamente para tomar um café e aproveitar o céu azul, sentir a cidade retomando o fôlego”, explica.

Na hora do almoço, no Marais, três jovens animadas dividiam uma mesa ao livre de um restaurante japonês. “Viemos fazer compras”, diz Chloé, de 21 anos, acompanhada de Yoma, 21, e Emma, 15.

As amigas moram no norte da capital e resolveram aproveitar o dia para visitar as lojas, que vêm reabrindo aos poucos. “Andamos muito e ficamos com fome, é maravilhoso poder frequentar de novo um restaurante”, diz Yoma.

RFI