Barroso ironiza preocupação de Bolsonaro com STF

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Foto: Carlos Moura / Agência O Globo

 Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Luís Roberto Barroso afirmou nesta quinta-feira, durante uma live na internet, que o presidente Jair Bolsonaro só precisa se preocupar com a corte “se tiver feito coisa errada”.

O TSE julga oito ações que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, quatro delas pelo uso de notícias falsas durante a campanha de 2018. As ações investigam se a chapa foi beneficiada pela contratação de empresas de disparos de mensagens de WhatsApp em massa par atacar candidatos adversários e promover Bolsonaro.

— Não há nenhum risco de o presidente ser perseguido e nem nenhum risco de ser protegido. No TSE, sob minha direção e de qualquer ministro, faz-se a coisa certa. Houve interlocutor do governo que me perguntou se o presidente deve se preocupar e eu disse: “só se tiver feito alguma coisa errada” — afirmou Barroso durante uma live do evento “Expert”, promovido pela XP.

O presidente Jair Bolsonaro tem criticado recorrentemente a corte. Em junho, Bolsonaro subiu o tom dizendo que as Forças Armadas não aceitarão um “julgamento político” por parte do TSE. Segundo o presidente, a eventual anulação de sua vitória nas eleições significaria “esticar a corda”.

— E nós, militares das Forças Armadas, porque eu também sou militar, somos os verdadeiros responsáveis pela democracia nesse país. Nós jamais cumpriríamos ordens absurdas, mas nós também jamais aceitaríamos um julgamento político para destituir um presidente democraticamente eleito — disse Bolsonaro na época.

De acordo com Barroso, tão logo as ações estejam prontas para votação serão colocadas em pauta. O ministro comentou ainda que, apesar dos atritos, não considera ter ocorrido uma crise institucional entre os poderes da República ao longo do primeiro semestre.

— A crítica ao Supremo é perfeitamente legítima. Quem exerce poder público numa democracia tem que estar preparado para crítica. Evidentemente, se tem ataques orquestrados e financiados destrutivos, as instituições têm que reagir, porque as democracias têm o dever de legítima defesa — afirmou. — Os ataques destrutivos partem de um gueto pré-iluminista e de milícias digitais financiadas Deus sabem por quem, que fazem terrorismo verbal e comprometem a qualidade do debate público.

O Globo