Bolsonaro tentará convencer o mundo de que seu governo é bom

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Foto: Agência Brasil

Alertado por auxiliares de que a repercussão internacional sobre queimadas na Amazônia e a vulnerabilidade de povos indígenas pode comprometer acordos comerciais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem, durante a cúpula do Mercosul, que intensificará o diálogo para tentar reverter o quadro. Uma das preocupações imediatas envolve o acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia (UE).

“Nosso governo dará prosseguimento ao diálogo com diferentes interlocutores para desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil e expor as ações que temos tomado em favor da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas” , afirmou Bolsonaro, em um curto pronunciamento.

Nas últimas semanas, o governo brasileiro deu sinais de mudança de postura em alguns temas ambientais. Responsável pelo Conselho da Amazônia, o vice-presidente Hamilton Mourão ampliou conversas com autoridades estrangeiras que tradicionalmente aportam recursos em projetos de preservação da floresta, admitiu que o governo deveria ter dado atenção à área mais cedo e defendeu que o “negacionismo não leva a nada” .

O Ministério da Defesa também tenta assumir protagonismo no combate ao desmatamento ilegal e queimadas, além do auxílio a indígenas, com ações pontuais de assistência em função da pandemia de covid-19. Por outro lado, uma ala do setor de agronegócio mantém esforços para modificar a legislação ambiental e permitir ampliação de atividades de exploração econômica na região amazônica e nas aldeias indígenas.

Um dos casos de repercussão negativa envolveu o presidente da França, Emmanuel Macron, que agora pressiona as demais autoridades europeias a não ratificarem o acordo com o Mercosul. Ao lado de 265 organizações da sociedade civil, Macron se posicionou favorável nesta semana à tipificação do crime de “ecocídio” no direito internacional, para julgar, por exemplo, quem não protege ecossistemas.

O grupo tenta aproveitar a brecha aberta pelos parlamentos da Áustria, da região da Valônia, na Bélgica, e também da Holanda, que retiraram seu apoio ao acordo birregional.

A mobilização cresceu porque a Alemanha, que assumiu a presidência rotativa da UE nesta semana, tem como prioridade justamente tentar avançar na ratificação do acordo com o Mercosul. Na cúpula, Bolsonaro apelou por um desfecho neste semestre.

Correio Braziliense