Bolsonaro terá que explicar denúncia do Facebook

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Foto: Adriano Machado/Reuters

A decisão do Facebook de derrubar as redes de ódio atingiu o coração do governo. Essas contas eram controladas por assessores do presidente e de seus filhos, pagos com dinheiro público. É uma verdadeira conspiração, feita dentro do gabinete do presidente, no Palácio do Planalto. A questão agora é como as instituições vão reagir ao relatório divulgado pelo Facebook.

A queda dessa rede de ódio confirma apurações já feitas pela imprensa. O “Estado de S. Paulo” havia revelado a existência do Gabinete do Ódio no Palácio. A “Folha de S. Paulo”, desde a campanha, vem mostrando a manipulação digital e o impulsionamento de mensagens em massa, práticas ilegais. O grupo assessorava o presidente Jair Bolsonaro, pago com dinheiro do contribuinte. Pessoas que produziam manipulação digital contra outros poderes da República, adversários políticos, jornalistas e meios de comunicação moravam em apartamentos funcionais.

Tercio Arnaud Tomaz é um dos nomes que aparecem no relatório. Ele é assessor do presidente, e já havia sido mencionado anteriormente, mas sempre negava participar da rede de ódio. Os filhos do presidente também empregavam pessoas identificadas pela apuração do Facebook contra páginas falsas. O trabalho delas era criar mentiras contra adversários e até desinformar sobre a Covid-19, que já matou mais de 68 mil pessoas no país.

O presidente terá que explicar o que é isso. Notas dizendo que o Facebook persegue seguidores de Bolsonaro não vão adiantar. A investigação não é sobre opinião política. Ela descobriu uma rede de contas falsas que atacam instituições da República.

A descoberta tem que ser levada a sério. Ela fortalece o inquérito do STF que investiga as redes de ódio que ameaçam os ministros da corte e seus familiares. Uma conspiração contra o STF é uma conspiração contra a democracia. Há ainda uma CPMI que apura as fake news e o caso no TSE, que discute a manipulação eleitoral em 2018 pela chapa do presidente eleito. O padrão de atuação nas redes sociais que está dentro do governo Bolsonaro foi criado na campanha eleitoral.

A democracia precisa se proteger desses ataques. É grande a conexão entre crime e pessoas ligadas ao presidente. Bolsonaro terá que se explicar.

O Globo