Bolsonaro volta a esconder número de mortos

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Foto: Kaio Lakaio/VEJA

Mais uma vez, o Ministério da Saúde mostra dificuldades na divulgação dos números da pandemia da Covid-19, publicados diariamente pelas secretarias de saúde em suas redes sociais. Desde o dia 18 de maio, a pasta não publica mais os dados de mortes diárias em decorrência da doença, nem o seu número acumulado — que, de acordo com o último boletim, divulgado na noite de domingo, 5, totalizavam 64.867 óbitos.

As informações oferecidas diariamente por meio de um boletim dão destaque ao acúmulo de recuperados (906.286 curados) e em acompanhamento (632.902 pacientes). O número de infectados totais (1.603.055 pessoas) também é informado, junto de um ranking onde o Brasil aparece como segundo país com mais registros da doença em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos (EUA). Já em relação ao número de óbitos, a pasta utiliza outra metodologia e informa os índices por milhão de habitantes. Deste modo, o país aparece em 15º no ranking mundial de mortalidade pela doença.

A título de comparação, na mesma plataforma utilizada pela pasta da saúde para fazer os cálculos proporcionais por habitantes, o Worldometers, se comparados os números absolutos em todo o mundo, o Brasil aparece treze patamares acima, em segundo lugar, atrás apenas dos EUA.

Ainda que os dados de mortes estejam indisponíveis nas redes sociais, a pasta ainda os oferece por meio de uma lista de WhatsApp com transmissão para jornalistas e por meio do painel oficial.

Esta não é a primeira vez que a pasta da saúde deixa de oferecer dados vitais para o acompanhamento da doença no país. Os problemas iniciaram-se após a saída do ministro Nelson Teich, há 52 dias e ainda sem substituto nomeado oficialmente. O caso mais emblemático ocorreu no início de junho, quando os boletins diários começaram a ser lançados com sucessivos atrasos (inicialmente, os dados eram publicados todos os dias às 19h, mas passaram à sair às 22h). Além disso, o painel oficial sobre o avanço da doença ficou fora do ar por dois dias e, quando retomado, estava totalmente descaracterizado. Faltavam dados sobre óbitos gerais, diagnósticos positivos em todo o período, gráficos que apontavam o avanço diário, entre outras informações relevantes. O problema foi posteriormente solucionado.

Após estes problemas, alguns portais dispuseram-se a informar os dados, um deles é mantido pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Procurado para comentar a mudança nas divulgações, o Ministério da Saúde ainda não respondeu a solicitação da reportagem.

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