Casal se veste de astronauta para enfrentar aglomerações no Rio

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Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

Usar a máscara é um cuidado básico em tempos de coronavírus, mas há quem capriche ainda mais na proteção. O contador Tércio Galdino, de 66 anos, tem feito sucesso vestido como astronauta durante as caminhadas que faz na orla do Rio de Janeiro. O traje foi todo feito por ele em casa e a estreia pelas ruas ocorreu no mês passado. Rapidamente as fotos começaram a circular pelas redes sociais. Galdino, que tem uma doença crônica no pulmão, admite que o cuidado é exagerado, mas diz que se diverte e leva sorrisos para quem o encontra pelo caminho.

— A ideia surgiu depois de ver a reportagem sobre um médico que usou uma fantasia de dinossauro para encontrar o filho após mais de uma mês trabalhando na linha de frente do combate ao coronavírus. Sou muito hiperativo e já estava há meses em casa sem encontrar nenhum amigo ou fazer minhas caminhadas. Como faço parte do grupo de risco, pensei que uma roupa que cobrisse o corpo todo poderia ser mais segura. Dinossauro não ia ser uma boa ideia para caminhar, então decidi fazer algo relacionado a astronomia, que eu adoro — conta.

A internet foi aliada na hora da confecção do traje. O primeiro item a ficar pronto foi o capacete, feito coma ajuda de um tutorial em vídeo e com materiais como cola, massa acrílica e papel. A roupa é um macacão como o utilizado por profissionais de saúde, personalizado com adesivos e fitas. Para contar com a companhia da esposa Alicéia Lima nas saídas, Galdino também fez uma roupa especial para a corretora de imóveis. Juntos há 34 anos, o casal vive no bairro do Riachuelo, na Zona Norte do Rio.

— A primeira saída foi em meados de junho. Fomos de carro até a Urca, como costumávamos fazer em tempos pré-pandemia. Foi uma sensação. Todo mundo olhando e tirando foto. Dali seguimos para Copacabana e a reação das pessoas foi a mesma. A partir daí eu passei a usar sempre a roupa nas minhas caminhadas. Recebi muitos elogios sobre a originalidade da ideia. Quem passa por mim se diverte, lida com muita harmonia com a situação — conta.

O calor por baixo da roupa na hora de fazer o exercício ele diz que tira de letra. Para Galdino, o mais importante é se sentir seguro em meio à pandemia. Ele conta que vê com preocupação o relaxamento de muitos moradores da cidade que têm circulado pelas ruas sem proteção e até promovem aglomerações.

— Reconheço que o que eu faço é um exagero, mas acho que de alguma maneira levo a mensagem sobre a importância da proteção. Muito me preocupa ver tantas pessoas achando que podem voltar à vida normal, sem cumprir os cuidados básicos. Acho que se elas não se importam consigo mesmas, deveriam ao menos pensar em seus familiares. O vírus ainda está aí e precisamos aprender a lidar com ele da melhor forma possível — ressalta.

O Globo