CPMI quer dados do Facebok contra Bolsonaros

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Foto: Pixabay

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das “Fake News”, senador Angelo Coronel (PSD-BA), apresentou um ofício nesta quinta-feira no qual requisita o compartilhamento de dados e informações sobre as contas e páginas bolsonaristas que foram excluídas pelo Facebook. Angelo Coronel disse ao Valor também que solicitou explicações da rede social sobre essa decisão. Ele não descarta, inclusive, convocar representantes do Facebook para falarem à comissão mais uma vez, em agosto, quando está previsto o retorno dos trabalhos.

“Já fiz o ofício. Agora a gente pauta o ofício [pedindo o compartilhamento das informações] e coloca em votação na comissão”, explicou Angelo Coronel. “Após o Facebook compartilhar essas informações, vamos analisar e encaminharei à relatora. Inclusive membros do Facebook podem ser convocados para depor outra vez. Tudo vai depender do conteúdo. Não tive acesso conteúdo [das páginas]. É uma coisa muita séria. Nós precisamos ver o conteúdo para não pré-julgar ninguém, mas quem errou vai ter que pagar”, complementou.

O Facebook identificou e desabilitou uma rede de perfis irregulares ligados ao presidente Jair Bolsonaro e a dois de seus filhos, o senador Flávio e o deputado federal Eduardo. O esquema, operado por auxiliares dos três políticos, levava conteúdo de interesse da família Bolsonaro – falso ou enviesado – disfarçado de notícias jornalísticas a 2 milhões de pessoas no Facebook e no Instagram.

A exclusão de 35 contas, 14 páginas e 1 grupo no Facebook, e de outras 38 contas no Instagram se deu por “comportamento inautêntico coordenado”, termo usado pelo Facebook para designar a prática de atuar em conjunto para enganar quem consome conteúdo nas plataformas da empresa. A tática está associada à disseminação de notícias falsas. Essa mesma rede bolsonarista teve conteúdos removidos antes, por pregar “discurso de ódio”. A ação compõe investigação do Facebook que desmobilizou ontem redes de “fake news” nos Estados Unidos, Canadá, Equador e Ucrânia.

Em comunicado ontem, o diretor de Cibersegurança do Facebook, Nathaniel Gleicher, explicou: “A atividade incluiu a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de páginas fingindo ser veículos de notícias.” A rede estava ativa desde antes das eleições de 2018, quando Bolsonaro se elegeu, e tinha como tema predominante a política. Agora em 2020, as páginas passaram a divulgar conteúdo falsos sobre coronavírus. A epidemia, que tem sua gravidade negada pelo presidente desde o início, matou 67,9 mil brasileiros até ontem, em quatro meses.

Valor Econômico