Deputado bolsonarista “pitbull” diz que vai “submergir”

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Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação

Afastado da vice-liderança do governo na Câmara, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) afirmou que não pretende diminuir sua militância nas redes sociais, mas “tem momentos que é bom submergir, ficar tranquilo”. “Se você está tomando muita pancada, vai e se afasta um pouco para depois retornar”, disse ele em entrevista ao Estadão/Broadcast. “Quando eu me cansar um pouco, talvez eu faça.”

O parlamentar, que ganhou notoriedade ao quebrar uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, durante a campanha no mesmo ano, é alvo do inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF) e teve um dos funcionários do seu gabinete citado na ação do Facebook que derrubou uma rede de perfis falsos na quarta-feira, 8. Trata-se de Paulo Eduardo Lopes (conhecido como Paulo Chuchu), que até junho era lotado no gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro.

Para Silveira, a ação do Facebook deve fortalecer o inquérito das fake news, comandado no STF pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem chama de “inquisidor, não um magistrado”.

Como o sr. avaliou a ação do Facebook contra uma rede de perfis ligados a integrantes do gabinete do presidente de Jair Bolsonaro, a seus filhos, ao PSL e aliados?

Um absurdo, é uma ditadura das redes sociais. Tenho uma crítica forte à esquerda que ofende, ataca minha honra e da minha família, mas é a opinião deles. Pode me chamar do que quiser, não me importo, sei o que sou. Mas daqui a pouco vamos precisar explicar a semântica da palavra que vamos proferir. Tem de escrever pensando “será que vou ser processado?”, “vai ter um inquérito?”. Não tem sentido esse caminho que o Brasil está tomando.

Um funcionário do gabinete do sr., Paulo Eduardo Lopes, é citado no relatório do Facebook. O sr. conversou com ele sobre isso?

Ele não tem nem como fazer esse tipo de articulação. Primeiro porque ele não tem tempo. Ele não tem isso de vários perfis fakes.

O sr. deve adotar uma nova estratégia de atuação nas redes? Há uma migração da direita para o Parler. Vai mudar de rede?

Não. Na verdade, sempre vou ser crítico àquilo que eu não aplaudo. Continuo da mesma maneira. Já estou no Parler e tenho as outras redes, Facebook, Instagram e Twitter, como alternativas. A esquerda ataca de forma hostil na rede social e nada é feito. Quando são páginas conservadoras, eles tiram do ar, isso é um fato.

O vereador Carlos Bolsonaro fez uma postagem ontem dando a entender que deve se afastar um pouco. Por que isso?

Tem momentos que é bom você submergir, ficar tranquilo. Se você está tomando muita pancada, vai e se afasta um pouco para depois retornar. Quando eu me cansar um pouco, talvez eu faça.

A ação do Facebook pode fortalecer o avanço do inquérito das fake news, do qual o sr. é alvo?

Pode ser que sim. Vejo o Alexandre de Moraes (ministro do STF) como um inquisidor. Não o vejo como o ministro ou magistrado.

Por que o sr. foi afastado da vice-liderança do governo na Câmara?

Acho que é para o presidente (Jair Bolsonaro) abrir um terreno novo alocando outros vice-líderes do Centrão, para poder ganhar apoiamento. Meu apoio ele sabe que tem, não precisa se preocupar com isso. O que precisa se preocupar agora é ganhar outros apoiadores. Fez um rodízio e me retirou. Vai retirar outros. Mas é porque ele sabe que precisa ganhar terreno e, se for isso mesmo, eu concordo com ele.

O sr. disse no Twitter que a iniciativa de retirá-lo foi do ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

Eu havia postado antes que tinha sido a pedido da Presidência, mas depois chegou a mim que foi um pedido do general Ramos.

O sr. concorda com as estratégias do general Ramos no governo?

Não. Acho que a articulação não é troca de cargos, embora o de vice-líder não traga nada de algum tipo de benefício. Eu só trabalhava mais defendo o governo e tinha o tempo de vice-líder para poder me expressar.

O deputado Major Vitor Hugo, líder do governo, é um bom nome para assumir o Ministério da Educação?

Não precisa ser um professor para ser do MEC. Pode, por exemplo, ser um advogado com uma visão muito boa, porque ele vai ter um corpo técnico muito amplo. Apoio o nome dele ou de quem for bom para o cargo.

Estadão