Deputado que exaltava cloroquina nega que faça efeito

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Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Alinhado ao presidente na defesa de teses sem respaldo das autoridades sanitárias, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), 45, desenvolveu o quadro grave da doença, teve 70% do pulmão comprometido, ficou 11 dias na UTI e disse ter pensado em gravar vídeo de adeus para a família. A cloroquina de nada lhe adiantou, afirma. Apesar de seguir defendendo o remédio e o fim do isolamento, aconselha Bolsonaro a “obedecer a medicina” e diz que ele só saberá em alguns dias se a doença vai se agravar.

Sóstenes diz ter começado tarde demais a tomar cloroquina, reverberando tese dos bolsonaristas, igualmente desprovida de comprovação científica, de que a droga deve ser tomada no início do tratamento. “Mas quando o vírus vem na forma mais grave, acho que nada resolve”, disse. Ele afirma não estar convencido de que o isolamento impede o avanço do vírus.

O deputado federal demonstra emoção ao se lembrar dos dias mais difíceis. “Não sou mais o mesmo”, afirma, descrevendo-se mais “paz e amor” nos embates contra rivais. Deputados de esquerda lhe mandaram mensagens de solidariedade no hospital. “Isso ajuda a gente a lutar.”

Sóstenes é ligado do pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, que criticou duramente o isolamento social, desprezando as recomendações de cientistas. Apesar do aumento de casos, ambos defenderam a abertura de igrejas.

Folha De S. Paulo