Ex-ministros da Saúde dizem que Brasil “sucumbe” à pandemia

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Foto: IGO ESTRELA/METROPOLES

Ex-ministros da Saúde criticaram a forma como o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem tratado a pandemia de Covid-19, doença acusada pelo novo coronavírus, no Brasil.

Para eles, o país “sucumbe de modo trágico à pandemia e o luto cobre a nação brasileira”. As afirmações foram feitas em uma carta aberta divulgada nesta sexta-feira (17/7).

Assinam o documento os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta, Alexandre Padilha, Arthur Chioro, Barjas Negri, Humberto Costa, José Gomes Temporão e José Saraiva Felipe.

“Ao ultrapassar as 75 mil mortes causadas pela Covid-19, número inferior apenas ao dos Estados Unidos, a doença avança pelo país deixando um rastro de dor e sofrimento”, criticam.

Para eles, a situação poderia ter sido diferente se o governo federal tivesse guiado ações ouvindo a ciência, mobilizando a sociedade, construindo estratégias com estados e municípios e assumindo a responsabilidade de liderar e coordenar o esforço nacional de enfrentamento da pandemia.

“O presidente da República, após demitir dois ministros por discordarem de sua condução negacionista e irresponsável, entregou o Ministério da Saúde a um interino militar que nomeou dezenas de outros militares para cargos estratégicos, em atitude ofensiva à saúde pública brasileira, que conta com técnicos e gestores experientes, dedicados e capacitados”, escreveram.

No entendimento deles, a pasta tornou-se “uma instituição desacreditada” e vista com reservas pela opinião pública, seja ao distorcer estatísticas oficiais, seja por aprovar protocolo que não se baseia em evidências científicas para o manejo da doença.

”A gestão militarizada do Ministério da Saúde não trouxe nenhum ganho em eficiência logística e sequer tem sido capaz de adquirir os testes necessários ou de executar os recursos orçamentários disponibilizados, já que apenas 30% foram gastos até agora”, salientam.

Os ex-minitros questionam duramente a postura de Bolsonaro. “Não se trata apenas de uma atuação equivocada ou incompetente do presidente e do governo federal. As decisões tomadas nos campos sanitário, econômico e social expressam uma lógica perversa que rege todo o governo e que subjuga as necessidades da população ao princípio da austeridade fiscal, indiferente aos danos que isso possa causar na vida das pessoas”, enfatizam.

A carta finaliza: “Que o governo federal assuma suas responsabilidades intransferíveis. Que o Ministério da Saúde seja devolvido à saúde pública. Que se ponha fim à omissão no enfrentamento da pandemia”, pondera.

Metrópoles