Filha de guarda humilhado por desembargador chorou

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Foto: Prefeitura de Santos/Divulgação

Hilário Roza Neto, de 36 anos, é o Guarda Civil Municipal (GCM) que foi humilhado pelo desembargador Eduardo Siqueira no último sábado, 18, em Santos, no litoral de São Paulo, após aplicá-lo uma multa por estar circulando sem máscara em meio à pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao site do jornal A Tribuna, Hilário lamentou o ocorrido e disse que a filha dele de 15 anos chorou ao assistir o vídeo que viralizou nas redes sociais. “Eu me senti humilhado diante dos meus filhos de 10, 15 e 17 anos. Como eu explico o que aconteceu para eles? Sempre tiveram muito orgulho do meu trabalho. A menina de 15 anos chorou. É muito difícil para mim saber que eles viram esse vídeo”, afirmou.

O GCM também contou o que exatamente aconteceu no caso. “Eu acenei para ele, que gesticulou fazendo pouco caso. Avisei meu parceiro sobre o que vi, entramos na viatura e fomos até lá. Quando meu amigo viu quem era, me alertou dizendo que já tinha um vídeo com esse homem causando polêmica em outra ocasião, quando meu chefe deu uma multa durante autuação por também estar sem máscara”, explicou.

Hilário disse que sempre trabalhou com tranquilidade e afirmou que só não teve “um pico de nervoso” porque “não chegaria no mesmo nível que ele”. “Alguns até criticaram a minha atitude. Mas eu faria a mesma coisa de novo. Se eu pudesse dizer alguma coisa para esse desembargador, seria ‘use máscara’. Ele poderia se comportar de maneira diferente por causa do grau de instrução que tem. Com tudo o que vemos aqui e em outros países, usar máscara é um ato muito pequeno que se torna grande demais. É pensar no próximo”, decretou o guarda, que também revelou que não conseguiu e nem tem vontade de ver o vídeo na íntegra.

No último sábado, um homem, ao ser abordado pela Guarda Civil Municipal em Santos por estar sem máscara de proteção, confrontou um dos oficiais e chegou a humilhá-lo. Apresentando-se como “desembargador Eduardo Siqueira”, ele pega o celular, em determinado momento, para ligar para o secretário de Segurança de Santos, Sérgio Del Bel. Tudo após o GCM pedir “por favor” para ele colocar o item de proteção contra o coronavírus, que é exigido por decreto, e, após ele se recusar, ter tentado aplicar a multa prevista.

Indignado, Eduardo gesticula e diz que já chegou a receber a infração em outra ocasião: “Amassei (a máscara) e joguei na cara dele. Você quer que eu jogue na sua também?”, questionou. “Estou aqui com um analfabeto”, diz ele ao telefone com o que seria Del Bel, e justifica reforçando que estava sozinho na faixa de areia. No fim, ao ser multado, o desembargador rasga a notificação e a joga no chão. O vídeo do ocorrido viralizou nas redes sociais e fez com que Siqueira fosse intimado a depor pelo ministro Humberto Martins, da Corregedoria Nacional de Justiça.

Neste domingo, 19, a Prefeitura de Santos emitiu nota repudiando a atitude do desembargador. “A Prefeitura de Santos é veementemente contra qualquer ato de abuso de poder e, por meio do comando da GMC, dá total respaldo ao efetivo que atua na proteção do bem público e dos cidadãos de Santos”, diz a o texto, publicado nas redes sociais da administração municipal.

 

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