Maia diz que Bolsonaro desmoralizou Brasil no exterior

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Foto: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta terça-feira que a taxa de incerteza em relação ao Brasil no exterior aumentou em função de atos antidemocráticos e de questões ambientais. Em entrevista à Rádio Metrópole de Salvador, ele destacou a ida do presidente Jair Bolsonaro a esses atos e disse que a maneira como o país é visto por investidores estrangeiros ainda o preocupa.

“A ida de presidente aos atos sempre gera preocupação. Me preocupa porque afeta a imagem no exterior, onde a taxa de incerteza em relação ao Brasil aumentou por causa dos atos antidemocráticos e do meio ambiente”, disse Maia, que deverá participar de uma live com um grupo de fundos de investimentos estrangeiros ainda hoje nesta terça-feira para discutir questões ambientais.

Ao ser indagado sobre quem deve ser seu sucessor no comando da Câmara, o deputado disse acreditar que um candidato apoiado pelo governo não terá grandes chances. “Acredito que a Câmara escolherá um candidato independente do Poder Executivo, mas que dialogue com o presidente Bolsonaro e trabalhe com harmonia. Acho que esse é o perfil que vão escolher.”

Maia reconheceu que a interlocução com Bolsonaro melhorou nas últimas semanas e destacou que isso é determinante para a construção de caminhos para a retomada da economia no pós-pandemia. Ele disse não ter incomodado muito o presidente nos últimos dias para respeitar o isolamento do chefe do Poder Executivo, que confirmou estar com covid-19 na semana passada.

“Temos mantido contato no que é fundamental. Não temos que ter a vaidade de ser chamado toda hora, ser ouvido toda hora. Minha relação com ele é saudável, não é de proximidade, mas é de respeito. Quando não consigo conversar com ele, falo com ministros da articulação política, como o [Luiz Eduardo] Ramos”, disse Maia.

Durante a entrevista, Maia citou alguns momentos críticos com o Palácio do Planalto e lembrou que o dia da demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Hemrique Mandetta foi pior do que o dia da demissão “do filhote do Olavo de Carvalho” – referência ao ex-ministro da Educação Abraham Weintraub.

“Para tirar do foco a demissão de Mandetta, ele [Bolsonaro] me atacou em entrevista para canal fechado e eu tive que ter equilíbrio para não reagir no mesmo tom, o que poderia ter impacto na sequência das ações de combate ao coronavírus.”

Sobre embates com o ministro da Economia, Paulo Guedes, ele disse que o pior momento foi durante o debate do projeto de auxílio financeiro para Estados e municípios, no início da pandemia.

Mesmo com algumas divergências, Maia voltou a sinalizar que os mais de 30 processos de impeachment contra Bolsonaro devem continuam parados. “Tema do impeachment é tema político. No meio de uma pandemia, tratarmos desse tema aprofundaria a crise, que está matando muita gente, afetando a economia e tirando empregos. Só aprofundaria dificuldades que passamos e que passaremos ainda mais.”

Ele também disse acreditar que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro é um “candidato fortíssimo” caso concorra nas eleições presidenciais de 2022. “Se disputar eleição, tem muita chance de chegar ao segundo turno. Todos os movimentos dele têm sido de político, não é mais de ex-ministro ou de ex-juiz.”

Valor Econômico