Médicos acreditam em 2a onda de covid19

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Quatro meses após o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, médicos na linha de frente de combate à doença relatam os efeitos da rotina em sua própria saúde. Ao menos 69,2% dizem sentir ansiedade, 63,5% têm estresse, 50,2% sobrecarga e 49% exaustão física ou emocional. E 89% dos profissionais ouvidos acreditam que uma nova onda de infecção atingirá o Brasil.

Os dados são de uma pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM) com 1.984 médicos de todo o Brasil entre os dias 25 de junho e 2 de julho.

— Existe uma preocupação muito grande com a evolução dessa pandemia, já que nada indicia que esteja no final e nem a população e nem gestores de saúde estão se empenhando o suficiente para prevenir o contágio. Estamos com uma ascensão no número de casos e mortes, e ao mesmo tempo uma flexibilização em que as pessoas se aglomeram e continuam não procurando o sistema de saúde quando estão com sintomas — afirmou José Luiz Gomes do Amaral, médico presidente da Associação Paulista de Medicina.

O estudo aborda ainda a percepção dos médicos sobre a subnotificação de casos. 66,9% consideram haver subnotificação na divulgação de casos e óbitos pelo Ministério da Saúde. E 55,5% acham que há também subnotificação de casos e óbitos na divulgação pela Secretaria Estadual de Saúde.

Além disso, 59% conhecem casos em que pacientes com outras causas não relacionadas à Covid-19 agravaram ao não buscar atendimento em hospitais com medo do novo coronavírus.

Quase metade dos entrevistados (48,9%) também manifestaram que fake news interferem negativamente no enfrentamento da Covid-19, porque alguns familiares e pacientes pressionam por tratamentos sem comprovação científica.

— Os profissionais de saúde estão se contaminando não só no hospital, mas também em função desse processos de flexibilização. Não são todos que dispõem de testes para confirmar ou a possibilidade de se isolar em casa e não trabalhar. Observamos também aumento da tensão no ambiente de trabalho por falta de diretrizes, suprimentos e testes, o que leva a aumento geral da ansiedade dos profissionais — explica Amaral.

Os médicos entrevistados são na maioria homens (52%) e profissionais que atuam em especialidades clínicas (58,5%) e cirúrgicas (41,5%). Têm entre 31 e 40 anos (25%) e 41 a 50 anos (21%). A maioria trabalha tanto em unidades públicas quanto privadas de saúde e 60% está atendendo em hospitais e pronto-socorros que recebem pacientes com Covid-19.

O Globo